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O Desejado de Todas as Nações
O sumo sacerdote não devia rasgar as vestes. Pela lei levítica,
isto era proibido sob pena de morte. Em circunstância alguma, em
nenhuma ocasião, devia o sacerdote rasgar os vestidos. Era costume
entre os judeus rasgar as vestes por morte de amigos, mas esse
costume não deviam os sacerdotes observar. Por Cristo fora dada a
Moisés ordem expressa sobre isto.
Levítico 10:6
.
Tudo que era usado pelo sacerdote devia ser de uma só peça,
e isento de defeito. Por aquelas belas vestes oficiais estava repre-
sentado o caráter do grande protótipo, Jesus Cristo. Nada senão a
perfeição, no vestuário e na atitude, na palavra e no espírito, podia
ser aceitável a Deus. Ele é santo, e Sua glória e perfeição devem ser
representadas pelo serviço terrestre. Coisa alguma senão a perfeição
poderia representar devidamente a santidade do serviço celestial.
Os homens finitos poderiam rasgar o próprio coração, mostrando
espírito arrependido e humilde. Isso seria distinguido por Deus. Mas
nenhum rasgão deveria ser feito no vestido sacerdotal, pois isso
mancharia a representação das coisas celestiais. O sumo sacerdote
que ousasse apresentar-se em sagrado ofício e empenhar-se no ser-
viço do santuário, com as vestes rasgadas, era considerado como
se tendo separado de Deus. Rasgando-as, excluíra a si mesmo de
ser um personagem representativo. Não mais era aceito por Deus
como sacerdote, em ofício. Essa maneira de agir de Caifás mostrava
a paixão humana, a humana imperfeição.
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Rasgando as vestes, tornou Caifás de nenhum efeito a lei divina,
para seguir a tradição dos homens. Uma lei de feitura humana esti-
pulava que, em caso de blasfêmia, podia o sacerdote rasgar o vestido
em horror pelo pecado, e ficar sem culpa. Assim era a lei divina
anulada pelas dos homens.
Cada ato do sumo sacerdote era observado com interesse pelo
povo; e Caifás pensou causar efeito exibindo sua piedade. Nesse ato,
porém, destinado a servir de acusação a Cristo, estava ultrajando
Aquele de quem Deus dissera: “O Meu nome está nEle”.
Êxodo
23:21
. Ele próprio estava blasfemando. Achando-se sob a condena-
ção de Deus, proferiu sentença contra Cristo como blasfemo.
Quando Caifás rasgou as vestes, esse ato significou o lugar que,
para com Deus, os judeus ocupariam daí em diante, como nação.
O povo outrora favorecido por Deus estava-se separando dEle, e se
tornando rapidamente um povo rejeitado por Deus. Quando, sobre