Página 625 - O Desejado de Todas as Na

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Perante Anás e o tribunal de Caifás
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a cruz, Cristo exclamou: “Está consumado” (
João 19:30
), e o véu
do templo se rasgou em dois, o Santo Vigia declarou que o povo
judeu rejeitara Aquele que era o protótipo de todos os seus tipos, a
substância de todas as suas sombras. Israel se divorciara de Deus.
Bem podia então Caifás rasgar as vestes oficiais, que indicavam
pretender ele ser representante do grande Sumo Sacerdote; pois não
mais tinham elas qualquer significação para ele ou para o povo. Bem
podia o sumo sacerdote rasgar as vestes em horror por si mesmo e
pela nação.
O Sinédrio declarara Jesus digno de morte; mas era contrário
à nação judaica julgar um preso de noite. Numa condenação legal,
coisa alguma se poderia fazer senão à luz do dia, e em plena sessão
do conselho. Não obstante, o Salvador foi tratado então como crimi-
noso condenado, e entregue para ser maltratado pelos mais baixos
e vis da espécie humana. O palácio do sumo sacerdote circundava
um pátio aberto, onde se haviam reunido os soldados e a multidão.
Através desse pátio foi Jesus levado para a sala da guarda, encon-
trando de todo lado zombarias por Sua declaração de ser o Filho de
Deus. Suas próprias palavras: “assentado à direita do Poder”, “vindo
sobre as nuvens do céu” (
Mateus 26:64
), eram escarnecedoramente
repetidas. Enquanto Se achava na sala da guarda, esperando Seu
julgamento legal, não foi protegido. A plebe ignorante vira a cruel-
dade com que Ele fora tratado perante o concílio, aproveitando-se
assim para manifestar todos os satânicos elementos de sua natureza.
A própria nobreza e divindade de Cristo os provocara à fúria. Sua
mansidão, inocência e paciência majestosas enchiam-nos de um ódio
de satânica origem. A misericórdia e a justiça foram calcadas a pés.
Nunca foi um criminoso tratado tão desumanamente como o foi o
Filho de Deus.
Mais viva angústia, no entanto, dilacerou o coração de Jesus; o
golpe que mais profunda dor Lhe infligiu, não o poderia vibrar mão
alguma inimiga. Enquanto Ele suportava, perante Caifás, a farsa de
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um julgamento, fora negado por um dos discípulos.
Depois de abandonarem o Mestre no horto, dois dos discípulos
ousaram seguir, a distância, a turba que levara Jesus preso. Esses
discípulos eram Pedro e João. Os sacerdotes reconheceram João
como bem conhecido discípulo de Jesus, e deram-lhe entrada na
sala, esperando que, ao testemunhar a humilhação de seu guia, des-