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O Desejado de Todas as Nações
denharia ele a idéia de ser uma pessoa assim o Filho de Deus. João
falou em favor de Pedro, conseguindo entrada para ele também.
No pátio fora feito um fogo; pois era a hora mais fria da noite,
mesmo antes do amanhecer. Um grupo estava reunido perto do fogo,
e Pedro tomou presunçosamente lugar no mesmo. Não desejava
ser reconhecido como discípulo de Cristo. Misturando-se descuido-
samente com a multidão, esperava ser tomado por algum dos que
levaram Jesus para a sala.
Ao incidir, porém, a luz no rosto de Pedro, a porteira lançou-
lhe um penetrante olhar. Notara que ele tinha entrado com João,
observara-lhe na fisionomia o abatimento e pensou que poderia ser
um discípulo de Cristo. Ela era uma das servas da casa de Caifás,
e estava curiosa. Disse a Pedro: “Não és também um dos Seus dis-
cípulos?” Pedro sobressaltou-se e ficou confuso; instantaneamente
se fixaram nele os olhares do grupo. Fingiu não a compreender,
mas ela insistiu e disse aos que a rodeavam que esse homem es-
tava com Jesus. Pedro sentiu-se forçado a replicar e disse, zangado:
“Mulher, não O conheço”.
Lucas 22:57
. Foi a primeira negação, e
imediatamente o galo cantou.
Ó! Pedro tão depressa envergonhado de teu Mestre! tão pronto a
negar a teu Senhor!
O discípulo João, entrando na sala do julgamento, não buscou
ocultar ser seguidor de Jesus. Não se misturou com o rude grupo que
estava injuriando o Mestre. Não foi interrogado; pois não assumiu
um falso caráter, tornando-se assim objeto de suspeita. Procurou
um canto retirado, ao abrigo dos olhares da multidão, mas o mais
próximo possível de Jesus. Ali podia ver e ouvir tudo que ocorresse
no julgamento de seu Senhor.
Pedro não pretendia dar a conhecer sua verdadeira identidade.
Ao assumir ar de indiferença, colocara-se no terreno do inimigo,
tornando-se fácil presa da tentação. Houvesse ele sido chamado a
combater por seu Mestre, e teria sido um corajoso soldado; ao ser,
porém, apontado pelo dedo do escárnio, demonstrou-se covarde.
Muitos que não recuam diante da luta ativa por seu Senhor, são,
em face do ridículo, levados a negar sua fé. Associando-se com
aqueles a quem deviam evitar, colocam-se no caminho da tentação.
Convidam o inimigo a tentá-los, e são levados a dizer e fazer coisas
de que, sob outras circunstâncias, nunca se tornariam culpados. O