Página 629 - O Desejado de Todas as Na

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Perante Anás e o tribunal de Caifás
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natureza de Sua avassaladora angústia. Teriam podido recordar-Lhe
as palavras predizendo os sofrimentos, a morte e a ressurreição.
Entre as sombras da mais probante hora, alguns raios de esperança
teriam aclarado as trevas e lhes sustido a fé.
Assim que se fez dia, o Sinédrio tornou a reunir-se, e outra vez
foi Jesus levado à sala do conselho. Declarara-Se Filho de Deus,
e tinham feito Suas palavras uma acusação contra Ele. Mas não
O podiam condenar por isso, pois muitos deles não se achavam
presentes à sessão da noite, e não Lhe tinham ouvido as palavras. E
sabiam que o tribunal romano não veria nelas coisa alguma digna de
morte. Mas se eles todos Lhe pudessem ouvir dos próprios lábios
repetidas aquelas palavras, talvez conseguissem seu objetivo. Sua
reivindicação ao messiado, poderiam interpretar como pretensão
política, sediciosa.
“És Tu o Cristo?” perguntaram, “dize-no-lo.” Mas Cristo perma-
neceu silencioso. Continuaram a importuná-Lo com perguntas. Por
fim, com doloroso, comovedor acento, respondeu: “Se vo-lo disser,
não o crereis; e também, se vos perguntar não Me respondereis, nem
Me soltareis.” Mas para que ficassem sem desculpa, ajuntou a solene
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advertência: “Desde agora o Filho do homem Se assentará à direita
do poder de Deus.”
“Logo, és Tu o Filho de Deus?” perguntaram todos a uma voz.
Disse-lhes Ele: “Vós dizeis que Eu sou.” Exclamaram: “De que
mais testemunho necessitamos? pois nós mesmos o ouvimos de Sua
boca”.
Lucas 22:67-71
.
E assim, pela terceira condenação das autoridades judaicas, Jesus
devia morrer. Tudo quanto se fazia então necessário, pensavam, era
que os romanos ratificassem a condenação, e Lho entregassem nas
mãos.
Ocorreu então a terceira cena de maus-tratos e zombaria, pior
ainda do que a que fora recebida da plebe ignorante. Fez-se isso na
própria presença dos sacerdotes e principais, e com a sanção deles.
Todo sentimento de simpatia humana lhes desaparecera do coração.
Se eram francos os seus argumentos e não Lhe conseguiam abafar
a voz, tinham outras armas, as mesmas usadas em todos os séculos
para fazer calar os hereges — sofrimentos, violência e morte.
Ao ser proferida pelos juízes a condenação de Jesus, uma fúria
satânica apoderou-se do povo. Os gritos assemelhavam-se ao rugido