Página 634 - O Desejado de Todas as Na

Basic HTML Version

630
O Desejado de Todas as Nações
O discurso de Cristo na sinagoga a respeito do pão da vida, foi a
crise na vida de Judas. Ouviu as palavras: “Se não comerdes a carne
do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida
em vós mesmos”.
João 6:53
. Viu que Cristo oferecia bens espirituais
em vez de terrenos. Julgava enxergar longe, e pensou poder ver que
Jesus não teria honras, e não poderia conceder altas posições a Seus
seguidores. Decidiu não se unir a Cristo tão intimamente que não se
pudesse retirar. Vigiaria. E assim fez.
Daquele tempo em diante, exprimia dúvidas que confundiam
os discípulos. Introduzia controvérsias e extraviados sentimentos,
empregando os argumentos apresentados pelos escribas e fariseus
contra as reivindicações de Cristo. Todas as pequenas e grandes
aflições e contrariedades, as dificuldades e aparentes obstáculos ao
avançamento do evangelho, Judas interpretava como testemunhos
contra sua veracidade. Apresentava textos da Escritura que não
tinham nenhuma ligação com as verdades que Cristo estava expondo.
Essas passagens, separadas de seu contexto, deixavam os discípulos
perplexos, acrescentando o desânimo que os assaltava de contínuo.
Todavia, tudo isso era feito por Judas de maneira a parecer que
era consciencioso. E ao passo que os discípulos estavam em busca
de provas que confirmassem as palavras do grande Mestre, Judas,
quase imperceptivelmente, os queria levar para outro rumo. Assim,
de modo muito religioso e aparentemente sábio, estava apresentando
as coisas sob aspecto diverso daquele em que Cristo as expusera,
[507]
e emprestando a Suas palavras um sentido que Ele não lhes dera.
Suas sugestões estavam sempre despertando desejos ambiciosos de
vantagens temporais, desviando assim os discípulos dos importantes
assuntos que deveriam ter considerado. A dissensão quanto a qual
deles devia ser o maior, era geralmente despertada por Judas.
Quando Jesus apresentou ao jovem rico as condições do discipu-
lado, Judas ficou desgostoso. Pensou que se cometera um erro. Se
homens como esse rico príncipe se unissem aos crentes, ajudariam
a manter a causa de Cristo. Se ao menos ele, Judas, fosse admitido
como conselheiro, pensava, poderia sugerir muitos planos para pros-
peridade da pequenina igreja. Seus princípios e métodos haviam de
diferir um tanto dos de Cristo, mas nessas coisas se julgava mais
sábio do que Jesus.