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O Desejado de Todas as Nações
Por longas horas de agonia, injúrias e escárnios caíram aos ou-
vidos de Jesus. Pendente da cruz, ouve ainda em volta o som das
zombarias e maldições. Coração anelante, estivera atento a ver se
ouvia alguma expressão de fé da parte dos discípulos. E ouvira ape-
nas as lamentosas palavras: “Nós esperávamos que fosse Ele o que
remisse a Israel”.
Lucas 24:21
. Quão grata foi, pois, ao Salvador
a declaração de fé e amor do ladrão prestes a morrer! Enquanto
os dirigentes judeus negam a Jesus e Seus próprios discípulos du-
vidam de Sua divindade, o pobre ladrão, no limiar da eternidade,
Lhe chama Senhor. Muitos estavam dispostos a chamá-Lo Senhor
quando operava milagres, e depois de haver ressurgido do sepulcro;
ninguém, no entanto, O reconheceu enquanto, moribundo, pendia
da cruz, a não ser o ladrão arrependido, salvo à hora undécima.
Os espectadores ouviram as palavras do ladrão, quando chamou
Senhor a Jesus. O tom do arrependido despertou-lhes a atenção.
Aqueles que, ao pé da cruz, questionaram pelas vestes de Cristo e
lançaram sortes sobre a túnica, pararam para escutar. Emudeceram
as vozes iradas. Com a respiração suspensa, olhavam para Cristo e
esperaram a resposta daqueles lábios já quase sem vida.
Ao proferir Ele as palavras de promessa, brilhante, vívido clarão
penetrou a escura nuvem que parecia envolver a cruz. Ao ladrão
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contrito sobreveio a perfeita paz da aceitação de Deus. Em Sua
humilhação, era Cristo glorificado. Aquele que, a todos os outros
olhos, parecia vencido, era o Vencedor. Foi reconhecido como O
que leva os pecados. Os homens podem exercer poder sobre Seu
corpo humano. Podem-Lhe ferir as santas fontes com a coroa de
espinhos. Podem despojá-Lo das vestes e contender sobre a divisão
das mesmas. Não O podem, porém, privar do poder de perdoar
pecados. Morrendo, dá testemunho em favor de Sua divindade e
da glória do Pai. Seu ouvido não está agravado para que não possa
ouvir, nem sua mão encurtada para não poder salvar. É Seu direito
salvar perfeitamente a todos quantos se chegam a Deus por Ele.
Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso. Cristo não
prometeu que o ladrão estaria com Ele no Paraíso naquele dia. Ele
próprio não foi naquele dia para o Paraíso. Dormiu no sepulcro e, na
manhã da ressurreição, disse: “Ainda não subi para Meu Pai”.
João
20:17
. Mas no dia da crucifixão, o dia da aparente derrota e treva, foi
feita a promessa. “Hoje”, enquanto morria na cruz como malfeitor,