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Educação
procurará desenvolver todas as suas faculdades. Por mais imperfeitos
que sejam eles, acoroçoará todo o esforço por conformar-se com os
princípios retos.
A cada jovem se deve ensinar a necessidade e o poder da apli-
cação. Disto, muito mais do que do gênio ou talento, depende o
êxito. Sem aplicação, os mais brilhantes talentos pouco valem, en-
quanto pessoas de habilidades naturais muito comuns têm realizado
maravilhas, mediante esforço bem orientado. E o gênio, por cujas
concepções nos maravilhamos, está quase invariavelmente unido ao
esforço incansável, concentrado.
Deve-se ensinar os jovens a ter em vista o desenvolvimento de
todas as suas faculdades, tanto as mais fracas como as mais fortes.
Muitos têm a disposição de restringir seu estudo a certos ramos,
para os quais têm gosto natural. Devemos precaver-nos contra este
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erro. As aptidões naturais indicam a direção do trabalho da vida, e,
sendo genuínas, devem ser cuidadosamente cultivadas. Ao mesmo
tempo deve ter-se sempre em vista que um caráter bem equilibrado
e o trabalho eficiente em qualquer ramo, dependem em grande parte
daquele desenvolvimento simétrico que é o resultado de um ensino
proficiente e geral.
O professor deve constantemente ter como objetivo a simpli-
cidade e a eficiência. Deve amplamente ensinar por meio de ilus-
trações; e mesmo tratando com alunos mais velhos, cumpre ter o
cuidado de tornar claras e evidentes todas as explicações. Muitos
alunos adiantados em idade são crianças no entendimento.
Um importante elemento no trabalho educativo é o entusiasmo.
Quanto a este ponto, há, em uma observação feita certa vez por um
célebre ator, uma útil sugestão. O arcebispo de Cantuária fizera-lhe
a pergunta por que os atores em uma representação interessam seu
auditório tão poderosamente falando de coisas imaginárias, enquanto
os ministros do evangelho muitas vezes tão pouco interessam aos
seus, falando de coisas reais. “Com a devida submissão a V. Ex
a
”,
replicou o ator, “permita-me dizer que a razão é clara; está no poder
do entusiasmo. Nós, no palco, falamos de coisas imaginárias como
se fossem reais, e vós outros, no púlpito, falais de coisas reais como
se fossem imaginárias.”