Página 117 - O Grande Conflito

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A influência de um bom lar
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mar o povo corresponderia virtualmente a minar a autoridade de
Roma, sustar milhares de torrentes que ora fluíam para o seu tesouro
e, assim, grandemente cercear a extravagância e luxo dos chefes
papais. Demais, ensinar o povo a pensar e agir como seres respon-
sáveis, buscando apenas de Cristo a salvação, subverteria o trono
do pontífice, destruindo finalmente sua própria autoridade. Por esta
razão recusaram o conhecimento a eles oferecido por Deus, e se
dispuseram contra Cristo e a verdade pela sua oposição ao homem
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que Ele enviara para os esclarecer.
Lutero tremia quando olhava para si mesmo — um só homem
opor-se às mais poderosas forças da Terra. Algumas vezes duvidava
se havia sido, na verdade, levado por Deus a colocar-se contra a
autoridade da igreja. “Quem era eu”, escreveu ele, “para opor-me
à majestade do papa, perante quem... os reis da Terra e o mundo
inteiro tremiam? ... Ninguém poderá saber o que meu coração sofreu
durante estes primeiros dois anos, e em que desânimo, poderia dizer
em que desespero, me submergi.” — D’Aubigné. Mas ele não foi
abandonado ao desânimo. Quando faltou o apoio humano, olhou
para Deus somente, e aprendeu que poderia arrimar-se em perfeita
segurança Àquele todo-poderoso braço.
A um amigo da Reforma, Lutero escreveu: “Não podemos atingir
a compreensão das Escrituras, quer pelo estudo quer pelo intelecto.
Teu primeiro dever é começar pela oração. Roga ao Senhor que te
conceda, por Sua grande misericórdia, o verdadeiro entendimento de
Sua Palavra. Não há nenhum intérprete da Palavra de Deus senão o
Autor dessa Palavra, como Ele mesmo diz: ‘E serão todos ensinados
por Deus.’ Nada esperes de teus próprios trabalhos, de tua própria
compreensão: confia somente em Deus, e na influência de Seu Espí-
rito. Crê isto pela palavra de um homem que tem tido experiência.”
— D’Aubigné. Eis aqui uma lição de importância vital para os que
sentem que Deus os chamou a fim de apresentar a outrem as verda-
des solenes para este tempo. Estas verdades suscitarão a inimizade
de Satanás e dos homens que amam as fábulas que ele imaginou. No
conflito com os poderes do mal, há necessidade de algo mais do que
força de intelecto e sabedoria humana.
Quando inimigos apelavam para os costumes e tradições, ou
para as afirmações e autoridade do papa, Lutero os enfrentava com a
Bíblia, e com a Bíblia unicamente. Ali estavam argumentos que não