Página 124 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
Os escritos e doutrinas do reformador estendiam-se a todas as
nações da cristandade. A obra espalhou-se à Suíça e Holanda. Exem-
plares de seus escritos tiveram ingresso na França e Espanha. Na
Inglaterra, seus ensinos eram recebidos como palavras de vida. À
Bélgica e Itália também se estendeu a verdade. Milhares estavam a
despertar do torpor mortal para a alegria e esperança de uma vida de
fé.
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Roma exasperou-se cada vez mais com os ataques de Lutero,
e por alguns de seus fanáticos oponentes foi declarado, mesmo
por doutores das universidades católicas, que aquele que matasse o
monge rebelde estaria sem pecado. Certo dia, um estranho, com uma
arma de fogo escondida sob a capa, aproximou-se do reformador,
e perguntou porque ia assim sozinho. “Estou nas mãos de Deus”,
respondeu. “Ele é minha força e meu escudo. Que me poderá fa-
zer o homem?” — D’Aubigné. Ouvindo estas palavras o estranho
empalideceu, e fugiu como se fosse da presença de anjos do Céu.
Roma estava empenhada na destruição de Lutero, mas Deus era a
sua defesa. Suas doutrinas eram ouvidas em toda parte, “nas cabanas
e nos conventos, ... nos castelos dos nobres, nas universidades e nos
palácios dos reis”; e homens nobres surgiram por toda parte para
amparar-lhe os esforços. — D’Aubigné.
Foi aproximadamente por esse tempo que Lutero, lendo as obras
de Huss, achou que a grande verdade da justificação pela fé, que ele
próprio procurava sustentar e ensinar, tinha sido mantida pelo refor-
mador boêmio. “Nós todos”, disse Lutero, “Paulo, Santo Agostinho,
e eu mesmo, temos sido hussitas, sem o saber!” “Deus certamente
disso tomará contas ao mundo”, continuou ele, “de que a verdade a
ele pregada há um século tenha sido queimada!” — Wylie.
Num apelo ao imperador e à nobreza da Alemanha, em favor da
Reforma do cristianismo, Lutero escreveu relativamente ao papa:
“É horrível contemplar o homem que se intitula vigário de Cristo,
a ostentar uma magnificência que nenhum imperador pode igualar.
É isso ser semelhante ao pobre Jesus, ou ao humilde Pedro? Ele é,
dizem, o senhor do mundo! Mas Cristo, cujo vigário ele se jacta de
ser, disse: ‘Meu reino não é deste mundo.’ Podem os domínios de
um vigário estender-se além dos de seu superior?” — D’Aubigné.
Assim escreveu ele acerca das universidades: “Receio muito
que as universidades se revelem grandes portas do inferno, a menos
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