Página 125 - O Grande Conflito

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A influência de um bom lar
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que diligentemente trabalhem para explicar as Santas Escrituras,
e gravá-las no coração dos jovens. Não aconselho ninguém a pôr
seu filho onde as Escrituras não reinem supremas. Toda instituição
em que os homens não se achem incessantemente ocupados com a
Palavra de Deus, tem de tornar-se corrupta.” — D’Aubigné.
Esse apelo circulou rapidamente por toda a Alemanha e exer-
ceu poderosa influência sobre o povo. A nação toda foi abalada, e
multidões se animaram a arregimentar-se em redor do estandarte da
Reforma. Os oponentes de Lutero, ardentes no desejo de vingança,
insistiam em que o papa tomasse medidas decisivas contra ele. De-
cretou-se que suas doutrinas fossem imediatamente condenadas.
Sessenta dias foram concedidos ao reformador e a seus adeptos, fin-
dos os quais, se não abjurassem, deveriam todos ser excomungados.
Foi uma crise terrível para a Reforma. Durante séculos, a sen-
tença de excomunhão, de Roma, ferira de terror a poderosos monar-
cas; enchera fortes impérios de desgraça e desolação. Aqueles sobre
quem caía sua condenação, eram universalmente considerados com
espanto e horror; cortavam-se-lhes as relações com seus semelhan-
tes, e eram tratados como proscritos que se deveriam perseguir até
à exterminação. Lutero não tinha os olhos fechados à tempestade
prestes a irromper sobre ele, mas permaneceu firme, confiando em
que Cristo lhe seria apoio e escudo. Com fé e coragem de mártir
escreveu: “O que está para acontecer não sei, nem cuido em sabê-lo.
... Caia onde cair o golpe, não tenho receio. Nem ao menos uma
folha tomba ao solo sem a vontade de nosso Pai. Quanto mais não
cuidará Ele de nós! Coisa fácil é morrer pela Palavra, visto que a
própria Palavra ou o Verbo, que Se fez carne, morreu. Se morrermos
com Ele, com Ele viveremos; e passando por aquilo por que Ele
passou antes de nós, estaremos onde Ele está, e com Ele habitaremos
para sempre.” — D’Aubigné.
Quando a bula papal chegou a Lutero, disse ele: “Desprezo-
a e ataco-a como ímpia, falsa. ... É o próprio Cristo que nela é
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condenado. ... Regozijo-me por ter de suportar tais males pela melhor
das causas. Sinto já maior liberdade em meu coração; pois finalmente
sei que o papa é o anticristo, e que o seu trono é o do próprio Satanás.”
— D’Aubigné.
Todavia a ordem de Roma não foi sem efeito. A prisão, tortura
e espada eram armas potentes para forçar à obediência. Os fracos