O poder triunfante da verdade
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“Tais são alguns dos abusos que clamam contra Roma. Toda
vergonha foi posta à parte, e seu único objetivo é... dinheiro, di-
nheiro, dinheiro, ... de maneira que os pregadores que deveriam
ensinar a verdade, nada proferem senão falsidade, e são não somente
tolerados mas recompensados, porque quanto maiores forem suas
mentiras, tanto maior seu ganho. É dessa fonte impura que fluem
tais águas contaminadas. A devassidão estende a mão à avareza. ...
Ai! é o escândalo causado pelo clero que arremessa tantas pobres
almas à condenação eterna. Deve-se efetuar uma reforma geral.” —
D’Aubigné.
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Uma denúncia mais hábil e convincente contra os abusos papais
não poderia ter sido apresentada pelo próprio Lutero; e o fato de ser
o orador inimigo decidido do reformador, deu maior influência às
suas palavras.
Se se abrissem os olhos dos que constituíam a assembléia, teriam
visto anjos de Deus no meio deles, derramando raios de luz através
das trevas do erro e abrindo mentes e corações à recepção da verdade.
Era o poder do Deus da verdade e sabedoria que dirigia até os
adversários da Reforma, preparando assim o caminho para a grande
obra prestes a realizar-se. Martinho Lutero não estava presente;
mas a voz de Alguém, maior do que Lutero, fora ouvida naquela
assembléia.
Uma comissão foi logo designada pela Dieta para apresentar um
relatório das opressões papais que tão esmagadoramente pesavam
sobre o povo alemão. Esta lista, contendo cento e uma especifica-
ções, foi apresentada ao imperador, com o pedido de que ele tomasse
imediatas medidas para a correção de tais abusos. “Que perda de
almas cristãs”, diziam os suplicantes, “que depredações, que extor-
sões, por causa dos escândalos de que se acha rodeada a cabeça
espiritual da cristandade! É nosso dever evitar a ruína e desonra de
nosso povo. Por esta razão, nós, de maneira humilde, mas com muita
insistência rogamo-vos ordeneis uma reforma geral, e empreendais
a sua realização.” — D’Aubigné.
O concílio pediu então o comparecimento do reformador a sua
presença. Apesar dos rogos, protestos e ameaças de Aleandro, o
imperador finalmente consentiu, e Lutero foi intimado a comparecer
perante a Dieta. Com a intimação foi expedido um salvo-conduto,
assegurando sua volta a um lugar de segurança. Ambos foram leva-