Página 134 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

130
O Grande Conflito
dos a Wittenberg por um arauto que estava incumbido de conduzir o
reformador a Worms.
Os amigos de Lutero estavam aterrorizados, angustiados. Sa-
bendo do preconceito e inimizade contra ele, temiam que mesmo
seu salvo-conduto não fosse respeitado, e rogavam-lhe não expusesse
a vida ao perigo. Ele replicou: “Os sectários do papa não desejam
minha ida a Worms, mas minha condenação e morte. Não importa.
[151]
Não orem por mim, mas pela Palavra de Deus. ... Cristo me dará Seu
Espírito para vencer esses ministros do erro. Desprezo-os em minha
vida; triunfarei sobre eles pela minha morte. Estão atarefados em
Worms com intuito de me obrigarem a renunciar; e esta será a minha
abjuração: anteriormente eu dizia que o papa é o vigário de Cristo;
hoje assevero ser ele o adversário de nosso Senhor e o apóstolo do
diabo.” — D’Aubigné.
Lutero não deveria fazer sozinho sua perigosa viagem. Além do
mensageiro imperial, três de seus amigos mais certos se decidiram
a acompanhá-lo. Melâncton ardorosamente quis unir-se a eles. Seu
coração estava ligado ao de Lutero, e anelava segui-lo, sendo neces-
sário, à prisão ou à morte. Seus rogos, porém, não foram atendidos.
Se Lutero perecesse, as esperanças da Reforma deveriam centra-
lizar-se neste jovem colaborador. Disse o reformador quando se
despediu de Melâncton: “Se eu não voltar e meus inimigos me mata-
rem, continua a ensinar e permanece firme na verdade. Trabalha em
meu lugar. ... Se sobreviveres, minha morte terá pouca conseqüên-
cia.” — D’Aubigné. Estudantes e cidadãos que se haviam reunido
para testemunharem a partida de Lutero ficaram profundamente
comovidos. Uma multidão, cujo coração havia sido tocado pelo
evangelho, deu-lhe as despedidas, em pranto. Assim, o reformador e
seus companheiros partiram de Wittenberg.
Viram em viagem que o espírito do povo se achava oprimido por
tristes pressentimentos. Nalgumas cidades honras nenhumas lhes
eram tributadas. Ao pararem para o pouso, um padre amigo exprimiu
seus temores, segurando diante de Lutero o retrato de um reformador
italiano que sofrera o martírio. No dia seguinte souberam que os
escritos de Lutero haviam sido condenados em Worms. Mensageiros
imperiais estavam proclamando o decreto do imperador, e apelando
ao povo para trazerem aos magistrados as obras proscritas. O arauto,
temendo pela segurança de Lutero no concílio e julgando que sua