Página 145 - O Grande Conflito

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O poder triunfante da verdade
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a honra da nação. Apontavam para as calamidades que se seguiram à
morte de Huss e declaravam que não ousavam atrair sobre a Alema-
nha e sobre a cabeça de seu jovem imperador, a repetição daqueles
terríveis males.
O próprio Carlos, respondendo à vil proposta, disse: “Embora
fossem a honra e a fé banidas do mundo todo, deveriam encontrar
um refúgio no coração dos príncipes.” — D’Aubigné. Houve ainda
insistência por parte dos mais encarniçados inimigos papais de Lu-
tero, a fim de tratar o reformador como Sigismundo fizera com Huss
— abandonando-o à mercê da igreja; mas lembrando-se da cena em
que Huss, em assembléia pública, apontara a suas cadeias e lem-
brara ao monarca a sua fé empenhada, Carlos V declarou: “Eu não
gostaria de corar como Sigismundo.” — (Ver História do Concílio
de Constança, de Lenfant.)
Não obstante, Carlos havia deliberadamente rejeitado as verda-
des apresentadas por Lutero. “Estou firmemente resolvido a imitar o
exemplo de meus maiores”, escreveu o monarca. Decidira não sair
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da senda do costume, mesmo para andar nos caminhos da verdade
e justiça. Porque seus pais o fizeram, ele apoiaria o papado, com
toda a sua crueldade e corrupção. Assim, assumiu sua posição, recu-
sando-se a aceitar qualquer luz em acréscimo à que seus pais haviam
recebido, ou cumprir qualquer dever que eles não cumpriram.
Muitos hoje se apegam de modo idêntico aos costumes e tradi-
ções de seus pais. Quando o Senhor lhes envia mais luz, recusam-se
a aceitá-la porque, não havendo ela sido concedida a seus pais, não
foi por estes acolhida. Não estamos colocados onde nossos pais se
achavam; conseqüentemente nossos deveres e responsabilidades não
são os mesmos. Não seremos aprovados por Deus olhando para o
exemplo de nossos pais a fim de determinar nosso dever, em vez
de pesquisar por nós mesmos a Palavra da verdade. Nossa respon-
sabilidade é maior do que foi a de nossos antepassados. Somos
responsáveis pela luz que receberam, e que nos foi entregue como
herança; somos também responsáveis pela luz adicional que hoje,
da Palavra de Deus, está a brilhar sobre nós.
Disse Cristo acerca dos judeus incrédulos: “Se Eu não viera,
nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm des-
culpa do seu pecado.”
João 15:22
. O mesmo poder divino falara por
intermédio de Lutero ao imperador e príncipes da Alemanha. E, ao