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O Grande Conflito
Zwínglio ouviu em silêncio esta ordem e, em resposta, depois
de exprimir sua gratidão pela honra de um chamado para este im-
portante posto, pôs-se a explicar o método de ação que se propusera
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adotar. “A vida de Cristo”, disse ele, “tem por demasiado tempo sido
oculta do povo. Pregarei acerca do evangelho todo de Mateus, ...
tirando unicamente das fontes das Escrituras, sondando suas profun-
didades, comparando uma passagem com outra, e buscando compre-
ensão pela prece constante e fervorosa. À glória de Deus, ao louvor
de Seu único Filho, à salvação real das almas e à sua edificação na
verdadeira fé, é que eu consagrarei meu ministério.” — D’Aubigné.
Posto que alguns dos eclesiásticos reprovassem este plano e se es-
forçassem por dissuadi-lo do mesmo, Zwínglio permaneceu firme.
Declarou que não estava para introduzir nenhum método novo, mas
o antigo método empregado pela igreja nos primitivos e mais puros
tempos.
Já se havia despertado interesse nas verdades que ele ensinava, e
o povo afluía em grande número para ouvir sua pregação. Muitos
que tinham deixado de assistir ao culto havia muito tempo, achavam-
se entre os ouvintes. Iniciou seu ministério abrindo os evangelhos
e lendo e explicando aos ouvintes a inspirada narrativa da vida,
ensinos e morte de Cristo. Ali, como em Einsiedeln, apresentava
a Palavra de Deus como a única autoridade infalível, e a morte de
Cristo como o único sacrifício completo. “É a Cristo”, dizia ele,
“que eu desejo conduzir-vos; a Cristo, a verdadeira fonte da salva-
ção.” — D’Aubigné. Em redor do pregador acotovelava-se o povo
de todas as classes, desde estadistas e eruditos, até os operários e
camponeses. Com profundo interesse escutavam suas palavras. Não
somente proclamava o oferecimento de uma salvação gratuita, mas
destemidamente reprovava os males e corrupções dos tempos. Mui-
tos voltavam da catedral louvando a Deus. “Este homem”, diziam,
“é um pregador da verdade. Ele será nosso Moisés, para tirar-nos
das trevas egípcias.” — D’Aubigné.
Mas, conquanto a princípio seus trabalhos fossem recebidos
com grande entusiasmo, depois de algum tempo surgiu a oposição.
Os monges puseram-se a entravar-lhe a obra e condenar-lhe os
ensinos. Muitos o assaltavam com zombarias e escárnios; outros
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recorriam à insolência e ameaças. Zwínglio, porém, suportou tudo