Página 170 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
apoiados pela sua fidelidade a Deus, são deixados sós, sob suspeita
e desconfiança.
A santidade falsificada, a santificação espúria, ainda está a fazer
sua obra de engano. Sob várias formas exibe o mesmo espírito dos
dias de Lutero, desviando das Escrituras os espíritos, e levando os
homens a seguir seus próprios sentimentos e impressões, em vez de
prestar obediência à lei de Deus. Este é um dos expedientes mais
bem-sucedidos de Satanás, para lançar opróbrio sobre a pureza e a
verdade.
Corajosamente Lutero defendeu o evangelho dos ataques que
vinham de todos os lados. A Palavra de Deus se demonstrou uma
arma poderosa em todo conflito. Com essa Palavra guerreou contra
a usurpada autoridade do papa e a filosofia racionalista dos escolásti-
cos, enquanto se mantinha firme como uma rocha contra o fanatismo
que procurava aliar-se à Reforma.
Cada um desses elementos oponentes estava, a seu modo, pondo
de parte as Escrituras Sagradas e exaltando a sabedoria humana
como a fonte da verdade e conhecimento religioso. O racionalismo
deifica a razão e dela faz o critério para a religião. O romanismo, pre-
tendendo para seu soberano pontífice uma inspiração que descende
ininterruptamente dos apóstolos, e que é imutável em todos os tem-
pos, dá ampla oportunidade para que toda espécie de extravagâncias
e corrupção se ocultem sob a santidade da comissão apostólica. A
inspiração pretendida por Münzer e seus companheiros, não proce-
dia de uma fonte mais elevada do que as divagações da imaginação,
e sua influência era subversiva a toda autoridade humana ou divina.
O verdadeiro cristianismo recebe a Palavra de Deus como o grande
tesouro de verdade inspirada, e como a prova de toda inspiração.
De volta de Wartburgo, Lutero completou sua tradução do Novo
Testamento, que foi logo depois entregue ao povo da Alemanha em
sua própria língua. Essa tradução foi recebida com grande alegria
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por todos os que amavam a verdade, mas rejeitaram-na escarnece-
doramente os que preferiam tradições e preceitos de homens.
Os padres estavam alarmados com a idéia de que o povo comum
agora seria capaz de discutir com eles sobre os preceitos da Palavra
de Deus, e de que sua própria ignorância seria assim exposta. As
armas de seu raciocínio carnal eram impotentes contra a espada
do Espírito. Roma convocou toda a sua autoridade para impedir a