Página 245 - O Grande Conflito

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A Escritura Sagrada e a Revolução Francesa
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homens a romper as algemas que os haviam conservado escravos da
ignorância, vício e superstição. Começavam a pensar e agir como
homens. Os monarcas, ao verem isto, temeram pelo seu despotismo.
Roma não foi tardia em inflamar seus ciosos temores. Disse o
papa ao regente da França em 1525: “Esta mania [o protestantismo],
não somente confundirá e destruirá a religião, mas todos os princi-
pados, nobreza, leis, ordens e classes juntamente.” — História dos
Protestantes da França, G. de Félice. Poucos anos mais tarde um
núncio papal advertiu ao rei: “Majestade, não vos enganeis. Os pro-
testantes subverterão toda a ordem civil e religiosa. ... O trono está
em tão grande perigo como o altar. ... A introdução de uma nova reli-
gião deve necessariamente introduzir novo governo.” — História da
Reforma no Tempo de Calvino, D’Aubigné. E os teólogos apelavam
para os preconceitos do povo, declarando que a doutrina protestante
“instiga os homens à novidade e loucura; despoja o rei da dedicada
afeição de seus súditos e devasta tanto a Igreja como o Estado.”
Assim Roma conseguiu predispor a França contra a Reforma. “Foi
para manter o trono, preservar os nobres e conservar as leis, que pela
primeira vez se desembainhou na França a espada da perseguição.”
— Wylie.
Mal imaginavam os governantes do país os resultados daquela
política fatal. O ensino da Escritura Sagrada teria implantado no
espírito e no coração do povo os princípios de justiça, temperança,
verdade, eqüidade e benevolência, que são a própria pedra basilar da
prosperidade da nação. “A justiça exalta as nações.” Donde, “com
justiça se estabelece o trono.”
Provérbios 14:34
;
16:12
. “O efeito
da justiça será paz, e a operação da justiça repouso e segurança,
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para sempre.”
Isaías 32:17
. O que obedece à lei divina é o que me-
lhor respeitará e obedecerá às leis de seu país. O que teme a Deus
honrará ao rei no exercício de toda a autoridade justa e legítima.
Mas a desditosa França proibiu a Bíblia e condenou seus discípulos.
Século após século, homens de princípios e integridade, homens de
agudeza intelectual e força moral, que tinham coragem de confessar
suas convicções e fé para sofrer pela verdade, sim, durante séculos
esses homens labutaram como escravos nas galeras, pereceram na
fogueira, ou apodreceram nas celas das masmorras. Milhares e mi-
lhares encontraram segurança na fuga; e isto continuou por duzentos
e cinqüenta anos depois do início da Reforma.