Página 246 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

242
O Grande Conflito
“Quase não houve geração de franceses, durante esse longo
período, que não testemunhasse os discípulos do evangelho fugindo
diante da fúria insana do perseguidor, levando consigo a inteligência,
as artes, a indústria, a ordem, nas quais, em regra, grandemente se
distinguiam, para o enriquecimento das terras em que encontravam
asilo. E à medida que enchiam outros países com esses valiosos dons,
privavam deles o seu próprio país. Se tudo que então foi repelido
se houvesse conservado na França; se, durante esses trezentos anos,
a habilidade industrial dos exilados tivesse estado a cultivar seu
solo; se durante esses trezentos anos, seu pendor artístico tivesse
estado a aperfeiçoar suas indústrias; se durante esses três séculos,
seu gênio inventivo e poder analítico tivessem estado a enriquecer
sua literatura e a cultivar sua ciência; se a sabedoria deles estivesse
a guiar seus conselhos, a bravura a pelejar em suas batalhas e a
eqüidade a formular suas leis, e estivesse a religião da Bíblia a
fortalecer o intelecto e a governar a consciência de seu povo, que
glória não circundaria hoje a França! Que país grandioso, próspero
e feliz — modelo das nações não teria ela sido!
[279]
“Mas o fanatismo cego baniu de seu solo todo ensinador da
virtude, todo campeão da ordem, todo defensor honesto do trono,
dizendo aos homens que teriam dado ao país ‘renome e glória’ na
Terra: Escolhei o que quereis: a fogueira ou o exílio. “Finalmente a
ruína do Estado foi completa; não mais restavam consciências para
serem proscritas; não mais religião para arrastar-se à fogueira; não
mais patriotismo para ser desterrado.” —Wylie. E a Revolução, com
todos os seus horrores, foi o tremendo resultado.
“Com a fuga dos huguenotes, um declínio geral baixou sobre a
França. Florescentes cidades manufatureiras caíram em decadência;
férteis distritos voltaram a sua natural rusticidade; embotamento
intelectual e decadência moral sucederam-se a um período de desu-
sado progresso. Paris tornou-se um vasto asilo de mendicidade, e
calcula-se que, ao romper a Revolução, duzentos mil pobres recla-
mavam caridade das mãos do rei. Somente os jesuítas floresciam na
nação decadente, e governavam com terrível tirania sobre escolas e
igrejas, prisões e galés.”
O evangelho teria proporcionado à França a solução dos pro-
blemas políticos e sociais que frustravam a habilidade de seu clero,
seu rei e seus legisladores, e que finalmente mergulharam a nação