Página 257 - O Grande Conflito

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O mais sagrado direito do homem
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No início do século XVII, o monarca que acabara de subir ao
trono da Inglaterra declarou sua decisão de fazer com que os pu-
ritanos “se conformassem ou ... oprimi-los-ia para saírem do país,
ou faria coisa pior.” — História dos Estados Unidos da América,
George Bancroft. Perseguidos e aprisionados, não podiam divisar no
futuro vislumbres de melhores dias, e muitos chegaram à convicção
de que, para os que quisessem servir a Deus segundo os ditames de
sua consciência, “a Inglaterra estava deixando de ser para sempre
um lugar habitável.” — História da Nova Inglaterra, J. G. Palfrey.
Alguns resolveram, por fim, buscar refúgio na Holanda. Encararam
dificuldades, prejuízos e prisão. Seus intuitos foram contrariados, e
eles entregues às mãos de seus inimigos. Mas a inabalável perseve-
rança venceu finalmente, e encontraram abrigo nas praias amigas da
república holandesa.
Em sua fuga deixaram casas, bens e meios de vida. Eram es-
trangeiros em terra estranha, entre um povo de língua e costumes
diferentes. Foram obrigados a recorrer a ocupações novas e a que
não estavam afeitos, a fim de ganhar o pão. Homens de meia-idade,
que haviam despendido a vida no cultivo do solo, tiveram agora de
aprender ofícios mecânicos. Animadamente, porém, enfrentaram a
situação, e não perderam tempo em ociosidade ou murmurações.
Posto que muitas vezes premidos pela pobreza, agradeciam a Deus
as bênçãos que ainda lhes eram concedidas, e encontravam alegria
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na tranqüila comunhão espiritual. “Sabiam que eram peregrinos, e
não olhavam muito para essas coisas, mas levantavam os olhos ao
Céu, seu mais caro país, e acalmavam o espírito.” — Bancroft.
Em meio de exílio e agruras, cresciam o amor e a fé. Confiavam
nas promessas do Senhor, e Ele não faltava com elas no tempo
de necessidade. Seus anjos estavam a seu lado, para animá-los e
ampará-los. E, quando a mão de Deus pareceu apontar-lhes através
do mar uma terra em que poderiam fundar para si um Estado e deixar
a seus filhos o precioso legado da liberdade religiosa, seguiram eles,
sem se arrecear, pela senda da Providência.
Deus permitira que viessem provações a Seu povo a fim de
prepará-lo para o cumprimento de Seu misericordioso propósito em
relação a ele. A igreja sofrera humilhações, para que pudesse ser
exaltada. Deus estava a ponto de ostentar o Seu poder em favor dela,
para dar ao mundo outra prova de que não abandonará os que nEle