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O Grande Conflito
Assim os dirigentes judeus edificaram a “Sião com sangue, e a
Jerusalém com injustiça.” E além disso, ao mesmo tempo em que
mataram seu Salvador porque lhes reprovava os pecados, tal era a
sua justiça própria que se consideravam como o povo favorecido de
Deus, e esperavam que o Senhor os livrasse dos inimigos. “Portanto”,
continuou o profeta, “por causa de vós, Sião será lavrada como um
campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte
desta casa em lugares altos dum bosque.” Miquéias 3:12.
Durante quase quarenta anos depois que a condenação de Jerusa-
lém fora pronunciada por Cristo mesmo, retardou o Senhor os Seus
juízos sobre a cidade e nação. Maravilhosa foi a longanimidade de
Deus para com os que Lhe rejeitaram o evangelho e assassinaram o
Filho. A parábola da árvore infrutífera representava o trato de Deus
para com a nação judaica. Fora dada a ordem: “Corta-a; por que
ocupa ainda a terra inutilmente?”
Lucas 13:7
. Mas a misericórdia di-
vina poupara-a ainda um pouco de tempo. Muitos havia ainda entre
os judeus que eram ignorantes quanto ao caráter e obra de Cristo. E
os filhos não haviam gozado das oportunidades nem recebido a luz
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que seus pais tinham desprezado. Mediante a pregação dos apóstolos
e de seus cooperadores, Deus faria com que a luz resplandecesse
sobre eles; ser-lhes-ia permitido ver como a profecia se cumprira,
não somente no nascimento e vida de Cristo, mas também em Sua
morte e ressurreição. Os filhos não foram condenados pelos peca-
dos dos pais; quando, porém, conhecedores de toda a luz dada a
seus pais, os filhos rejeitaram mesmo a que lhes fora concedida a
mais, tornaram-se participantes dos pecados daqueles e encheram a
medida de sua iniqüidade.
A longanimidade de Deus para com Jerusalém apenas confirmou
os judeus em sua obstinada impenitência. Em seu ódio e crueldade
para com os discípulos de Jesus, rejeitaram o último oferecimento
de misericórdia. Afastou Deus então deles a proteção, retirando o
poder com que restringia a Satanás e seus anjos, de maneira que
a nação ficou sob o controle do chefe que haviam escolhido. Seus
filhos tinham desdenhado a graça de Cristo, que os teria habilitado a
subjugar seus maus impulsos, e agora estes se tornaram os vence-
dores. Satanás suscitou as mais violentas e vis paixões da alma. Os
homens não raciocinavam; achavam-se fora da razão, dirigidos pelo
impulso e cega raiva. Tornaram-se satânicos em sua crueldade. Na