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O Grande Conflito
carros e homens de guerra reunindo-se para a batalha. Os sacerdotes
que ministravam à noite no santuário, aterrorizavam-se com sons
misteriosos; a terra tremia e ouvia-se multidão de vozes a clamar:
“Partamos daqui!” A grande porta oriental, tão pesada que dificil-
mente podia ser fechada por uns vinte homens, e que se achava se-
gura por imensas barras de ferro fixas profundamente no pavimento
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de pedra sólida, abriu-se à meia-noite, independente de qualquer
agente visível. — História dos Judeus, de Milman, livro 13.
Durante sete anos um homem esteve a subir e descer as ruas de
Jerusalém, declarando as desgraças que deveriam sobrevir à cidade.
De dia e de noite cantava ele funebremente: “Uma voz do Oriente,
uma voz do Ocidente, uma voz dos quatro ventos! uma voz contra
Jerusalém e contra o templo! uma voz contra os noivos e as noivas!
uma voz contra o povo!” — Ibidem. Este ser estranho foi preso e
açoitado, mas nenhuma queixa lhe escapou dos lábios. Aos insultos
e maus-tratos respondia somente: “Ai! ai de Jerusalém!” “Ai! ai dos
habitantes dela!” Seu clamor de aviso não cessou senão quando foi
morto no cerco que havia predito.
Nenhum cristão pereceu na destruição de Jerusalém. Cristo fizera
a Seus discípulos o aviso, e todos os que creram em Suas palavras
aguardaram o sinal prometido. “Quando virdes Jerusalém cercada de
exércitos”, disse Jesus, “sabei que é chegada a sua desolação. Então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem
no meio da cidade, saiam.”
Lucas 21:20, 21
. Depois que os roma-
nos, sob Céstio, cercaram a cidade, inesperadamente abandonaram
o cerco quando tudo parecia favorável a um ataque imediato. Os
sitiados, perdendo a esperança de poder resistir, estavam a ponto
de se entregar, quando o general romano retirou suas forças sem a
mínima razão aparente. Entretanto, a misericordiosa providência de
Deus estava dirigindo os acontecimentos para o bem de Seu próprio
povo. O sinal prometido fora dado aos cristãos expectantes, e agora
se proporcionou a todos oportunidade para obedecer ao aviso do
Salvador. Os acontecimentos foram encaminhados de tal maneira
que nem judeus nem romanos impediriam a fuga dos cristãos. Com
a retirada de Céstio, os judeus, fazendo uma surtida de Jerusalém,
foram ao encalço de seu exército que se afastava; e, enquanto ambas
as forças estavam assim completamente empenhadas em luta, os
cristãos tiveram ensejo de deixar a cidade. Nesta ocasião o território
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