Página 37 - O Grande Conflito

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O valor dos mártires
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do ódio e suspeita popular, prontificaram-se denunciantes, por amor
ao ganho, a trair os inocentes. Eram condenados como rebeldes ao
império, como inimigos da religião e peste da sociedade. Grande
número deles eram lançados às feras ou queimados vivos nos an-
fiteatros. Alguns eram crucificados, outros cobertos com peles de
animais bravios e lançados à arena para serem despedaçados pelos
cães. De seu sofrimento muitas vezes se fazia a principal diver-
são nas festas públicas. Vastas multidões reuniam-se para gozar do
espetáculo e saudavam os transes de sua agonia com riso e aplauso.
Onde quer que procurassem refúgio, os seguidores de Cristo
eram caçados como animais. Eram forçados a procurar esconderijo
nos lugares desolados e solitários. “Desamparados, aflitos e maltra-
tados (dos quais o mundo não era digno), errantes, pelos desertos, e
montes, e pelas covas e cavernas da terra.”
Hebreus 11:37, 38
. As
catacumbas proporcionavam abrigo a milhares. Por sob as colinas,
fora da cidade de Roma, longas galerias tinham sido feitas através
da terra e da rocha; o escuro e complicado trama das comunicações
estendia-se quilômetros além dos muros da cidade. Nestes retiros
subterrâneos, os seguidores de Cristo sepultavam os seus mortos; e
ali também, quando suspeitos e proscritos, encontravam lar. Quando
o Doador da vida despertar os que pelejaram o bom combate, mui-
tos que foram mártires por amor de Cristo sairão dessas sombrias
cavernas.
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Sob a mais atroz perseguição, estas testemunhas de Jesus conser-
varam incontaminada a sua fé. Posto que privados de todo conforto,
excluídos da luz do Sol, tendo o lar no seio da terra, obscuro mas
amigo, não proferiam queixa alguma. Com palavras de fé, paciência
e esperança, animavam-se uns aos outros a suportar a privação e
angústia. A perda de toda a bênção terrestre não os poderia forçar a
renunciar sua crença em Cristo. Provações e perseguição não eram
senão passos que os levavam para mais perto de seu descanso e
recompensa.
Como aconteceu aos servos de Deus de outrora, muitos “foram
torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma me-
lhor ressurreição.”
Hebreus 11:35
. Estes se recordavam das palavras
do Mestre, de que, quando perseguidos por amor de Cristo, ficassem
muito alegres, pois que grande seria seu galardão no Céu, porque
assim tinham sido perseguidos os profetas antes deles. Regozija-