Página 42 - O Grande Conflito

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O Grande Conflito
Os primitivos cristãos eram na verdade um povo peculiar. Sua
conduta irrepreensível e fé invariável eram contínua reprovação a
perturbar a paz dos pecadores. Se bem que poucos, sem riqueza,
posição ou títulos honoríficos, constituíam um terror para os mal-
feitores onde quer que seu caráter e doutrina fossem conhecidos.
Eram, portanto, odiados pelos ímpios, assim como Abel o foi pelo
ímpio Caim. Pela mesma razão por que Caim matou Abel, os que
procuravam repelir a restrição do Espírito Santo mataram o povo de
Deus. Pelo mesmo motivo foi que os judeus rejeitaram e crucifica-
ram o Salvador: porque a pureza e santidade de Seu caráter eram
repreensão constante ao egoísmo e corrupção deles. Desde os dias
de Cristo até hoje, os fiéis discípulos têm suscitado ódio e oposição
dos que amam e seguem os caminhos do pecado.
Como, pois, pode o evangelho ser chamado mensagem de paz?
Quando Isaías predisse o nascimento do Messias, conferiu-Lhe o
título de “Príncipe da Paz.” Quando os anjos anunciaram aos pas-
tores que Cristo nascera, cantaram sobre as planícies de Belém:
“Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os
homens.”
Lucas 2:14
. Há uma aparente contradição entre estas de-
clarações proféticas e as palavras de Cristo: “Não vim trazer paz,
mas espada.”
Mateus 10:34
. Mas, entendidas corretamente, ambas
estão em perfeita harmonia. O evangelho é uma mensagem de paz.
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O cristianismo é um sistema religioso que, recebido e obedecido,
espalharia paz, harmonia e felicidade por toda a Terra. A religião
de Cristo ligará em íntima fraternidade todos os que lhe aceitarem
os ensinos. Foi missão de Jesus reconciliar os homens com Deus, e
assim uns com os outros. Mas o mundo em grande parte se acha sob
o domínio de Satanás, o acérrimo adversário de Cristo. O evangelho
apresenta-lhes princípios de vida que se acham totalmente em de-
sacordo com seus hábitos e desejos, e eles se erguem em rebelião
contra ele. Odeiam a pureza que lhes revela e condena os pecados,
e perseguem e destroem os que com eles insistem em suas justas e
santas reivindicações. É neste sentido que o evangelho é chamado
uma espada, visto que as elevadas verdades que traz ocasionam o
ódio e a contenda.
A misteriosa providência que permite sofrerem os justos perse-
guição às mãos dos ímpios, tem sido causa de grande perplexidade
a muitos que são fracos na fé. Alguns se dispõem mesmo a lançar