Por que existe o sofrimento
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tiça e benevolência. Os habitantes do Céu e de outros mundos, não
estando preparados para compreender a natureza ou conseqüências
do pecado, não poderiam ter visto então a justiça e misericórdia de
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Deus com a destruição de Satanás. Houvesse ele sido imediatamente
excluído da existência, e teriam servido a Deus antes por temor do
que por amor. A influência do enganador não teria sido destruída
por completo, tampouco o espírito de rebelião se teria desarraigado
totalmente. Devia-se permitir que o mal chegasse a sazonar. Para
o bem do Universo inteiro, através dos séculos sem fim, devia Sa-
tanás desenvolver mais completamente seus princípios, para que
suas acusações contra o governo divino pudessem ser vistas sob sua
verdadeira luz por todos os seres criados, e para sempre pudessem
ser postas acima de qualquer dúvida a justiça e misericórdia de Deus
e a imutabilidade de Sua lei.
A rebelião de Satanás deveria ser uma lição para todo o Universo
por todos os séculos vindouros, um testemunho perpétuo da natureza
e terríveis resultados do pecado. A conseqüência do governo de
Satanás — seus efeitos tanto sobre os homens como sobre os anjos
— mostraria qual o fruto de rejeitar a autoridade divina. Testificaria
que, da existência do governo de Deus e de Sua lei, dependem o
bem-estar de todas as criaturas que Ele fez. Destarte, a história desta
terrível experiência de rebelião deveria ser perpétua salvaguarda a
todos os santos seres, impedindo-os de serem enganados quanto à
natureza da transgressão, livrando-os de cometer pecado e sofrer o
seu castigo.
Até ao final da controvérsia no Céu, o grande usurpador conti-
nuou a justificar-se. Quando foi anunciado que, juntamente com to-
dos os que com ele simpatizavam, deveria ser expulso das habitações
de bem-aventurança, o chefe rebelde confessou então ousadamente
seu desdém pela lei do Criador. Reiterou sua pretensão de que os
anjos não necessitam ser dirigidos, mas que deveriam ser deixados a
seguir sua própria vontade, que sempre os conduziria corretamente.
Denunciou os estatutos divinos como restrição à sua liberdade, de-
clarando ser de seu intento conseguir a abolição da lei; que, livres
desta restrição, as hostes do Céu poderiam entrar em condições de
existência mais elevada, mais gloriosa.
Concordemente, Satanás e sua hoste lançaram a culpa de sua
rebelião inteiramente sobre Cristo, declarando que se eles não hou-
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