Um povo que difunde luz
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máxima alegria infundir esperança à alma conscienciosa, ferida pelo
pecado, e que tão-somente podia ver um Deus de vingança, espe-
rando para executar justiça. Com lábios trêmulos e olhos lacrimosos,
muitas vezes com os joelhos curvados, expunha a seus irmãos as
preciosas promessas que revelam a única esperança do pecador. As-
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sim a luz da verdade penetrava muitas almas obscurecidas, fazendo
recuar a nuvem sombria até que o Sol da Justiça resplandecesse no
coração, trazendo saúde em seus raios. Dava-se amiúde o caso de
alguma porção das Escrituras ser lida várias vezes, desejando o ou-
vinte que fosse repetida, como se quisesse assegurar-se de que tinha
ouvido bem. Em especial se desejava, de maneira ávida, a repetição
destas palavras: “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica
de todo o pecado.”
1 João 1:7
. “Como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para
que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
João 3:14, 15
.
Muitos não se iludiam em relação às pretensões de Roma. Viam
quão vã é a mediação de homens ou anjos em favor do pecador.
Raiando-lhes na mente a verdadeira luz, exclamavam com regozijo:
“Cristo é meu Sacerdote; Seu sangue é meu sacrifício; Seu altar
é meu confessionário.” Confiavam-se inteiramente aos méritos de
Jesus, repetindo as palavras: “Sem fé é impossível agradar-Lhe.”
Hebreus 11:6
. “Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo
qual devamos ser salvos.”
Atos 4:12
.
A certeza do amor de um Salvador parecia, a algumas destas
pobres almas agitadas pela tempestade, coisa por demais vasta para
ser abrangida. Tão grande era o alívio que sentiam, tal a inundação
de luz que lhes sobrevinha, que pareciam transportadas ao Céu.
Punham confiantemente suas mãos na de Cristo; firmavam os pés
sobre a Rocha dos séculos. Bania-se todo o temor da morte. Podiam
agora ambicionar a prisão e a fogueira se desse modo honrassem o
nome de seu Redentor.
Em lugares ocultos era a Palavra de Deus apresentada e lida,
algumas vezes a uma única alma, outras, a um pequeno grupo que
anelava a luz e a verdade. Amiúde a noite toda era passada desta
maneira. Tão grande era o assombro e admiração dos ouvintes que o
mensageiro da misericórdia freqüentemente se via obrigado a cessar
a leitura até que o entendimento pudesse apreender as boas novas
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