Página 74 - O Grande Conflito

Basic HTML Version

70
O Grande Conflito
Escritura Sagrada. Via que Roma abandonara a Palavra de Deus pela
tradição humana; destemidamente acusava o sacerdócio de haver
banido as Escrituras, e exigia que a Bíblia fosse devolvida ao povo e
de novo estabelecida sua autoridade na igreja. Wycliffe era ensina-
dor hábil e ardoroso, eloqüente pregador, e sua vida diária era uma
demonstração das verdades que pregava. O conhecimento das Escri-
turas, a força de seu raciocínio, a pureza de sua vida e sua coragem
e integridade inflexíveis conquistaram-lhe geral estima e confiança.
Muitas pessoas se tinham tornado descontentes com sua fé anterior,
ao verem a iniqüidade que prevalecia na Igreja de Roma, e saudaram
com incontida alegria as verdades expostas por Wycliffe; mas os
dirigentes papais encheram-se de raiva quando perceberam que este
reformador conquistava maior influência que a deles mesmos.
[82]
Wycliffe era perspicaz descobridor de erros e atacou destemi-
damente muitos dos abusos sancionados pela autoridade de Roma.
Quando agia como capelão do rei, assumiu ousada atitude contra
o pagamento do tributo que o papa pretendia do monarca inglês e
mostrou que a pretensão papal de autoridade sobre os governantes
seculares era contrária tanto à razão como à revelação. As exigências
do papa tinham excitado grande indignação e os ensinos de Wycliffe
exerceram influência sobre o espírito dos dirigentes do país. O rei e
os nobres uniram-se em negar as pretensões do pontífice à autori-
dade temporal, e na recusa do pagamento do tributo. Destarte, um
golpe eficaz foi desferido contra a supremacia papal na Inglaterra.
Outro mal contra que o reformador sustentou longa e resoluta
batalha, foi a instituição das ordens dos frades mendicantes. Estes
frades enxameavam na Inglaterra, lançando uma nódoa à grandeza e
prosperidade da nação. A indústria, a educação, a moral, tudo sentia
a influência debilitante. A vida de ociosidade e mendicidade dos
monges não só era grande escoadouro dos recursos do povo, mas
lançava o desdém ao trabalho útil. A juventude se desmoralizava
e corrompia. Pela influência dos frades muitos eram induzidos a
entrar para o claustro e dedicar-se à vida monástica, e isto não só
sem o consentimento dos pais, mas mesmo sem seu conhecimento
e contra as suas ordens. Um dos primitivos padres da Igreja de
Roma, insistindo sobre as exigências do monasticismo acima das
obrigações do amor e dever filial, declarou: “Ainda que teu pai se
encontrasse deitado diante de tua porta, chorando e lamentando, e