Pedro liberto da prisão
            
            
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              para buscarem a Pedro, que devia ser trazido com grande aparato
            
            
              de guardas e armas, não apenas para se evitar possível fuga, como
            
            
              também para intimidar os simpatizantes e exibir seu próprio poder.
            
            
              Havia a guarda à porta da prisão, os ferrolhos e barras ainda estavam
            
            
              intatos, a guarda no interior, as cadeias presas aos pulsos dos dois
            
            
              soldados; mas o prisioneiro desaparecera.
            
            
              A recompensa de Herodes
            
            
              Quando o relatório dessas coisas foi trazido a Herodes, ele ficou
            
            
              exasperado, e acusou os guardas da prisão de infidelidade. Foram
            
            
              conseqüentemente condenados à morte pelo alegado crime de terem
            
            
              dormido em seu posto. Ao mesmo tempo Herodes sabia que nenhum
            
            
              poder humano havia livrado a Pedro, mas estava decidido a não
            
            
              reconhecer que um poder divino estivera em operação para lhe
            
            
              frustrar os vis desígnios. Não se humilharia dessa maneira, e colocou-
            
            
              se em ousado desafio a Deus.
            
            
              [298]
            
            
              Não muito tempo depois do livramento de Pedro da prisão,
            
            
              Herodes desceu da Judéia a Cesaréia e ali se deteve. Fez uma grande
            
            
              festa, destinada a provocar admiração e aplausos do povo. Tal festa
            
            
              foi assistida pelos amantes do prazer de todas as regiões, e houve
            
            
              muita glutonaria e bebedice. Herodes fez uma suntuosa aparição
            
            
              diante do povo. Vestido em roupas em que rebrilhavam prata e ouro,
            
            
              os raios do Sol refletindo em suas luminosas dobras, deslumbravam
            
            
              os olhos dos que o contemplavam. Com grande pompa e cerimônia
            
            
              ergueu-se perante a multidão e dirigiu-lhe um eloqüente discurso.
            
            
              A majestade de sua aparência e a força de sua linguagem bem es-
            
            
              colhida dominaram a assembléia com poderosa influência. Estando
            
            
              já seus sentidos pervertidos pelo comer e beber, ficaram deslum-
            
            
              brados pela resplandecente ornamentação de Herodes, e encantados
            
            
              pelo seu porte e oratória; e, possuídos de selvagem entusiasmo,
            
            
              cumulavam-no de lisonja, proclamando-o um deus, declarando que
            
            
              nenhum mortal podia apresentar igual aparência ou possuir tão im-
            
            
              pressionante eloquência de linguagem. Declararam mais que, con-
            
            
              quanto o houvessem sempre respeitado como governador, dali em
            
            
              diante o adorariam como a um deus.
            
            
              Herodes sabia que não merecia nenhum dos louvores e homena-
            
            
              gens; todavia, não censurou a idolatria do povo, aceitando-a como