O mistério da iniqüidade
            
            
              261
            
            
              se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas
            
            
              exigências.
            
            
              Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu
            
            
              mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do
            
            
              pecado. Longas peregrinações, atos de penitência, adoração de relí-
            
            
              quias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento
            
            
              de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram
            
            
              ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como
            
            
              se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-se por ninharias,
            
            
              ou apaziguando-se com donativos ou atos de penitência!
            
            
              Os séculos que se seguiram testemunharam aumento constante
            
            
              de erros nas doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabele-
            
            
              [333]
            
            
              cimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido
            
            
              atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam con-
            
            
              versos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não
            
            
              somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros
            
            
              como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros
            
            
              graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros
            
            
              o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência
            
            
              na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma
            
            
              estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria.
            
            
              Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que
            
            
              morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.
            
            
              Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda
            
            
              outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e em-
            
            
              pregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com
            
            
              esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual
            
            
              as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer
            
            
              castigo por seus pecados, e do qual, quando libertas da impureza,
            
            
              são admitidas no Céu.
            
            
              Ainda uma outra invencionice era necessária para habilitar Roma
            
            
              a aproveitar-se dos temores e vícios de seus adeptos. Esta foi suprida
            
            
              pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados,
            
            
              passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e penas
            
            
              em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que se
            
            
              alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio tem-
            
            
              poral, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem negar-lhe
            
            
              a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que, pelo pa-