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O mistério da iniqüidade
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se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas
exigências.
Ensinava-se-lhes não somente a considerar o papa como seu
mediador, mas a confiar em suas próprias obras para expiação do
pecado. Longas peregrinações, atos de penitência, adoração de relí-
quias, ereção de igrejas, relicários e altares, bem como pagamento
de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram
ordenados para aplacar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como
se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-se por ninharias,
ou apaziguando-se com donativos ou atos de penitência!
Os séculos que se seguiram testemunharam aumento constante
de erros nas doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabele-
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cimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido
atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam con-
versos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não
somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros
como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros
graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros
o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência
na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma
estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria.
Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que
morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.
Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda
outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e em-
pregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com
esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual
as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer
castigo por seus pecados, e do qual, quando libertas da impureza,
são admitidas no Céu.
Ainda uma outra invencionice era necessária para habilitar Roma
a aproveitar-se dos temores e vícios de seus adeptos. Esta foi suprida
pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados,
passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e penas
em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que se
alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio tem-
poral, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem negar-lhe
a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que, pelo pa-