O clamor da meia-noite
            
            
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              graça perdoadora, almejavam contemplar Aquele que era o amado
            
            
              de sua alma.
            
            
              Desapontados mas não abandonados
            
            
              Mas, de novo estavam destinados ao desapontamento. O tempo
            
            
              de expectação passou e o Salvador não apareceu. Com inabalável
            
            
              confiança tinham aguardado Sua vinda, e agora experimentavam o
            
            
              mesmo sentimento de Maria quando, indo ao túmulo do Salvador e
            
            
              encontrando-o vazio, exclamou em pranto: “Porque levaram o meu
            
            
              Senhor, e não sei onde o puseram.”
            
            
              João 20:13
            
            
              .
            
            
              Um sentimento de temor, o receio de que a mensagem pudesse
            
            
              ser verdadeira, servira algum tempo de restrição ao mundo incrédulo.
            
            
              [372]
            
            
              Passado que foi o tempo, esse sentimento não desapareceu de pronto;
            
            
              a princípio não ousaram exultar sobre os que foram desapontados;
            
            
              mas, como sinais nenhuns da ira de Deus se vissem, perderam os
            
            
              temores e retomaram a exprobação e o ridículo. Numerosa classe,
            
            
              que tinha professado crer na próxima vinda do Senhor, renunciou à
            
            
              fé. Alguns, que se sentiam muito confiantes, ficaram tão profunda-
            
            
              mente feridos em seu orgulho, que pareciam estar a fugir do mundo.
            
            
              Como outrora Jonas, queixavam-se de Deus e preferiam a morte à
            
            
              vida. Os que haviam baseado sua fé nas opiniões de outrem, e não na
            
            
              Palavra de Deus, achavam-se agora novamente prontos para mudar
            
            
              de idéias. Os escarnecedores ganharam para as suas fileiras os fracos
            
            
              e os covardes, e todos estes se uniram para declarar que não mais
            
            
              havia motivos de receios ou expectação. O tempo havia passado,
            
            
              o Senhor não viera, e o mundo poderia permanecer o mesmo por
            
            
              milhares de anos.
            
            
              Os crentes fervorosos e sinceros haviam abandonado tudo por
            
            
              Cristo, desfrutando Sua presença como nunca dantes. Conforme
            
            
              acreditavam, tinham dado o último aviso ao mundo; e, esperando
            
            
              serem logo recebidos na companhia do divino Mestre e dos anjos
            
            
              celestiais, tinham em grande parte se afastado da multidão incré-
            
            
              dula. Com intenso desejo haviam orado: “Vem, Senhor Jesus, e vem
            
            
              presto.” Mas, Ele não viera. E, agora, assumir de novo o fardo pesado
            
            
              dos cuidados e perplexidades da vida, suportar as exprobrações e
            
            
              zombarias de um mundo escarnecedor, era, em verdade, uma terrível
            
            
              prova de fé e paciência.