A espiritualidade da lei
51
“Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu
coração cometeu adultério com ela.” Mateus 5:28.
Os judeus orgulhavam-se de sua moralidade, e olhavam com
horror às práticas sensuais dos pagãos. A presença dos oficiais ro-
manos que o governo imperial trouxera à Palestina, era um contínuo
escândalo para o povo; com esses estrangeiros, viera uma inundação
de costumes pagãos, concupiscência e desregramento. Em Cafar-
naum, os oficiais romanos, com suas alegres amantes, freqüentavam
os logradouros públicos e os passeios, e muitas vezes os sons da
[60]
orgia quebravam o silêncio do lago, ao singrarem as águas tranqüilas
seus barcos de prazer. O povo esperava ouvir de Jesus uma severa
acusação a essa classe; mas qual não foi seu espanto ao escutarem
palavras que punham a descoberto o mal de seus próprios corações!
Quando o pensamento do mal é amado e nutrido, embora se-
cretamente, disse Jesus, isso mostra que o pecado ainda reina no
coração. A alma ainda se acha em fel de amargura e em laço de
iniqüidade. Aquele que encontra prazer em demorar-se em cenas de
impureza, que condescende com o mau pensamento, com o olhar
concupiscente, pode ver no pecado aberto, com seu fardo de ver-
gonha e esmagador desgosto — a verdadeira natureza do mal por
ele escondido nas câmaras da alma. O período de tentação sob a
qual, talvez, uma pessoa caia em um pecado ofensivo, não cria o
mal revelado, mas apenas desenvolve ou torna manifesto aquilo que
estava oculto e latente no coração. Um homem “é tal quais são os
seus pensamentos”; porque de seu coração “procedem as saídas da
vida”.
Provérbios 23:7
;
4:23
.
“Se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para
longe de ti.” Mateus 5:30.
A fim de impedir que a doença se alastre ao corpo e destrua
a vida, um homem se submeteria mesmo a separar-se de sua mão
direita. Muito mais deve ele estar pronto a entregar aquilo que põe
em risco a vida da alma.
Mediante o evangelho, almas degradadas e escravizadas por
[61]
Satanás devem ser redimidas para partilhar da gloriosa liberdade
dos filhos de Deus. O desígnio divino não é meramente livrar do