A espiritualidade da lei
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oferece um consolo. A paciência e a gentileza que Seu Espírito pode
comunicar, suavizará a condição de amargura. O coração em que
Cristo habitar, estará tão repleto, tão satisfeito com Seu amor, que se
não consumirá no desejo de atrair simpatia e atenção para si próprio.
E pela entrega da alma a Deus, Sua sabedoria pode realizar o que
a sabedoria humana deixa de fazer. Por meio da revelação de Sua
graça, os corações que uma vez estiveram indiferentes ou desafeiço-
ados podem ser unidos em laços mais firmes e mais duradouros que
os da Terra — os áureos laços do amor que suportará o cadinho da
provação.
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“De maneira nenhuma jureis.” Mateus 5:34.
É apresentada a razão para isso: não devemos jurar “pelo Céu,
porque é o trono de Deus; nem pela Terra, porque é o escabelo de
Seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem
jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco
ou preto”.
Todas as coisas vêm de Deus. Nada temos que não tenhamos
recebido; e, mais ainda, não temos nada que não haja sido comprado
para nós pelo sangue de Cristo. Tudo quanto possuímos, recebemos
selado com a cruz, comprado com o sangue cujo valor é inapreciável,
pois é a vida de Deus. Daí, não há coisa alguma que, como se fora
nossa mesma, tenhamos o direito de empenhar para o cumprimento
de nossa palavra.
Os judeus compreendiam o terceiro mandamento como proibi-
tório do emprego profano do nome de Deus; mas se julgavam na
liberdade de empregar outros juramentos. O jurar era coisa comum
entre eles. Haviam sido proibidos, por intermédio de Moisés, de
jurar falsamente; mas tinham muitos meios de se livrar da obrigação
imposta por um juramento. Não temiam condescender com o que
era realmente profano, nem recuavam do perjúrio, contanto que o
mesmo estivesse velado por qualquer técnica evasiva à lei.
Jesus lhes condenou as práticas, dizendo que seu costume de
jurar era uma transgressão ao mandamento de Deus. Nosso Salvador
não proibiu, todavia, o emprego do juramento judicial, no qual Deus
é solenemente invocado para testificar que o que se diz é verdade,
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e nada mais que a verdade. O próprio Jesus, em Seu julgamento