Página 187 - Patriarcas e Profetas (2007)

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José no Egito
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ocultar nossos caminhos ao Altíssimo. As leis humanas, embora
algumas vezes severas, são muitas vezes transgredidas sem que isto
seja descoberto, e, portanto, impunemente. Não assim, porém, com
a lei de Deus. A mais escura meia-noite não é uma cobertura para
o criminoso. Ele pode julgar-se só, mas para cada ação há uma
testemunha invisível. Os próprios motivos de seu coração estão
patentes à inspeção divina. Cada ato, cada palavra, cada pensamento,
é tão distintamente notado como se apenas houvesse uma pessoa no
mundo inteiro, e a atenção do Céu nela estivesse centralizada.
José sofreu pela sua integridade; pois sua tentadora vingou-se
acusando-o de um crime detestável, e fazendo com que ele fosse
lançado na prisão. Houvesse Potifar acreditado na acusação feita
pela esposa, contra José, e teria o jovem hebreu perdido a vida; mas
a modéstia e correção que haviam uniformemente caracterizado
sua conduta, eram prova de sua inocência; e, contudo, para salvar
a reputação da casa de seu senhor, foi entregue à vergonha e ao
cativeiro.
A princípio, José foi tratado com grande severidade pelos seus
carcereiros. Diz o salmista, falando de José: “Cujos pés apertaram
com grilhões e a quem puseram em ferros; até o tempo em que che-
gou a Sua Palavra; a palavra do Senhor o provou”.
Salmos 105:18,
19
. Mas o verdadeiro caráter de José resplandece, mesmo nas tre-
vas da masmorra. Ele reteve com firmeza sua fé e paciência; seus
anos de serviço fiel foram pagos da maneira mais cruel, todavia isto
não o tornou obstinado ou desconfiado. Tinha a paz que vem de
uma inocência consciente, e confiava seu caso a Deus. Não ficava a
acalentar as ofensas que recebera, mas esquecia-se de suas tristezas
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procurando aliviar as de outrem. Achou uma obra a fazer mesmo na
prisão. Deus o estava preparando, na escola da aflição, para maior
utilidade, e ele não recusou a necessária disciplina. Testemunhando
na prisão os resultados da opressão e tirania, e os efeitos do crime,
aprendeu lições de justiça, simpatia e misericórdia, que o prepararam
para exercer o poder com sabedoria e compaixão.
José gradualmente ganhou a confiança do guarda da prisão, e
foi-lhe finalmente confiado o cuidado de todos os presos. Foi a parte
que ele desempenhou na prisão — integridade de sua vida diária e
simpatia por aqueles que estavam em perturbação e angústia — o
que abriu o caminho para a sua prosperidade e honra futura. Todo o