Página 188 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
raio de luz que derramamos sobre outrem, reflete-se em nós mesmos.
Toda palavra amável e cheia de simpatia proferida aos tristes, todo
ato feito para aliviar os oprimidos, e todo dom aos necessitados, se é
determinado por um impulso justo, resultará em bênçãos ao doador.
O padeiro-mor e o copeiro-mor do rei tinham sido lançados na
prisão por qualquer falta, e vieram a ficar sob o encargo de José. Uma
manhã, observando que se mostravam muito tristes, amavelmente
indagou a causa, e disseram que cada um tivera um sonho notável,
de que estavam ansiosos por saber a significação. “Não são de Deus
as interpretações?” disse José; “contai-mo, peço-vos”.
Gênesis 40:8
.
Tendo cada um relatado o seu sonho, José fê-los saber a significação:
em três dias o copeiro seria reintegrado em seu cargo, e daria o copo
nas mãos de Faraó, como antes, mas o padeiro-mor seria morto por
ordem do rei. Em ambos os casos ocorreu o acontecimento conforme
fora predito.
O copeiro do rei dissera possuir a maior gratidão para com
José, tanto pela interpretação consoladora de seu sonho como por
muitos atos de bondosa atenção; e, por sua vez, este, referindo-se
da maneira mais tocante ao seu injusto cativeiro rogou que seu caso
fosse levado perante o rei. “Lembra-te de mim”, disse ele, “quando
te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças
menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa; porque, de fato,
fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito
para que me pusessem nesta cova”.
Gênesis 40:14, 15
. O copeiro-
mor viu realizar-se o sonho em todos os pormenores; quando, porém,
foi restabelecido ao favor real, não mais pensou em seu benfeitor.
Durante mais dois anos José ficou como prisioneiro. A esperança
que se lhe acendera no coração, gradualmente morrera; e a todas as
outras provações acrescentou-se a amargura da ingratidão.
Uma mão divina, porém, estava prestes a abrir as portas da pri-
são. O rei do Egito teve em uma noite dois sonhos, que indicavam
aparentemente o mesmo acontecimento, e pareciam prefigurar al-
guma grande calamidade. Não podia determinar sua significação,
e no entanto continuavam a perturbar o seu espírito. Os magos e
sábios de seu reino não puderam dar a interpretação. A perplexidade
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e angústia do rei aumentavam, e o terror espalhou-se por seu palácio.
A agitação geral evocou à mente do copeiro-mor as circunstâncias
de seu próprio sonho; com este veio a lembrança de José, e uma