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Patriarcas e Profetas
dos antediluvianos atesta que a vida longa não é uma bênção para o
pecador; a grande paciência de Deus não reprimiu sua impiedade.
Quanto mais viveram os homens, tanto mais corruptos se tornaram.
Assim seria com a apostasia no Sinai. A menos que o castigo
de pronto tivesse sido executado sobre os transgressores, ter-se-iam
visto de novo os mesmos resultados. A Terra ter-se-ia tornado tão
corrompida como nos dias de Noé. Houvessem sido poupados esses
transgressores, e ter-se-iam seguido males maiores do que os que
resultaram de poupar a vida de Caim. Foi pela misericórdia de Deus
que milhares devessem sofrer, para evitar a necessidade de executar
juízos sobre milhões. A fim de salvar a muitos, Ele tinha de castigar
a poucos. Ademais, como o povo rejeitara sua submissão a Deus,
privara-se da proteção divina, e, despojados de sua defesa, a nação
toda estava exposta ao poder dos inimigos. Se o mal não tivesse
sido prontamente eliminado, logo teriam eles caído presa de seus
numerosos e poderosos adversários. Era necessário para o bem de
Israel, e também como lição a todas as gerações subseqüentes, que
o crime fosse imediatamente castigado. E não menos misericórdia
era para os próprios pecadores que fossem suprimidos em seu mau
caminho. Se sua vida houvesse sido poupada, o mesmo espírito que
os levara a rebelar-se contra Deus ter-se-ia manifestado em ódio e
contenda entre eles mesmos, e ter-se-iam finalmente destruído uns
aos outros. Foi por amor ao mundo, por amor a Israel e mesmo pelos
transgressores, que o crime foi punido com uma severidade breve e
terrível.
Apercebendo-se o povo da enormidade de sua falta, o terror
invadiu todo o arraial. Receava-se que todos os culpados devessem
ser extirpados. Compadecido da angústia deles, Moisés prometeu
mais uma vez pleitear com Deus em seu favor.
“Vós pecastes grande pecado”, disse ele, “agora, porém, subirei
ao Senhor; porventura farei propiciação por vosso pecado.” Ele foi, e
em sua confissão diante de Deus disse: “Ora, este povo pecou pecado
grande, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa o seu
pecado, senão risca-me, peço-Te, do Teu livro, que tens escrito.” A
resposta foi: “Aquele que pecar contra Mim, a este riscarei Eu do
Meu livro. Vai pois agora, conduze este povo para onde te tenho
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dito; eis que o Meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da Minha
visitação visitarei neles o seu pecado”.
Êxodo 32:30-34
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