Página 361 - Patriarcas e Profetas (2007)

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A rebelião de Coré
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cados, teriam uma jornada muito pacífica e próspera; em vez de
vaguearem de um lado para outro no deserto, seguiriam diretamente
para a Terra Prometida.
Nesta obra inspiradora de desafeição, houve maior união e har-
monia entre os elementos discordantes da congregação do que já
existira antes. O êxito de Coré junto ao povo aumentou-lhe a confi-
ança, e confirmou-o em sua crença de que a usurpação da autoridade
por Moisés, a não ser reprimida, seria fatal à liberdade de Israel;
pretendia também que Deus lhe patenteara a questão, e o autorizara
a fazer uma mudança no governo antes que fosse demasiado tarde.
Muitos, porém, não estavam prontos a aceitar as acusações de Coré
contra Moisés. A lembrança de seus pacientes e abnegados labores
surgia diante deles, e a consciência se lhes perturbava. Era portanto
necessário indicar algum motivo egoísta pelo seu profundo interesse
para com Israel; e reiterou-se a antiga acusação de que ele os tirara a
fim de perecerem no deserto, para que pudesse apoderar-se de seus
bens.
Durante algum tempo esta obra foi promovida em segredo. En-
tretanto, logo que o movimento ganhou força suficiente para garantir
uma explosão franca, Coré apareceu à frente do partido, e acusou
publicamente a Moisés e Arão de usurparem a autoridade de que ele,
Coré, e seus companheiros tinham igualmente direito de participar.
Houve além disso a acusação de que o povo fora despojado de sua
liberdade e independência. “Demais é já”, disseram os conspira-
dores, “pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos,
e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a
congregação do Senhor?”
Moisés não suspeitara desta trama tão cuidadosamente urdida,
e, quando sua terrível significação lhe ocorreu, caiu sobre seu rosto
em um apelo silencioso a Deus. Levantou-se triste, em verdade, mas
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calmo e forte. Fora-lhe concedida direção divina. “Amanhã pela
manhã”, disse ele, “o Senhor fará saber quem é Seu, e quem o santo
que Ele fará chegar a Si; e aquele a quem escolher fará chegar a
Si.” A prova deveria ser transferida até o dia seguinte, a fim de que
todos pudessem ter tempo para refletir. Então aqueles que aspiravam
ao sacerdócio deveriam vir cada um com o incensário, e oferecer
incenso no tabernáculo, na presença da congregação. A lei era muito
explícita de que unicamente os que haviam sido ordenados para o