Página 365 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

A rebelião de Coré
361
deveriam morrer no deserto. Não estavam dispostos a sujeitar-se a
isto, e procuraram crer que Moisés os enganara. Tinham alimentado
carinhosamente a esperança de que uma nova ordem de coisas esti-
vesse prestes a estabelecer-se, na qual a reprovação seria substituída
pelo louvor, e a ansiedade e conflito, pela comodidade. Os homens
que pereceram haviam proferido palavras lisonjeiras, e dito possuir
grande interesse e amor por eles; e o povo concluiu que Coré e seus
companheiros deviam ter sido bons homens, e que Moisés por algum
meio fora a causa de sua destruição.
Dificilmente poderão os homens cometer maior insulto a Deus do
que desprezar e rejeitar os instrumentos que deseja usar para a salva-
ção deles. Os israelitas não somente fizeram isto, mas propuseram-se
a matar Moisés e Arão. Não compreendiam, entretanto, a necessi-
dade de buscar o perdão de Deus, pelo seu enorme pecado. Aquela
noite de prova não foi passada em arrependimento e confissões,
mas à procura de algum meio para resistir às evidências que lhes
mostravam serem os maiores pecadores. Alimentavam ódio contra
os homens que haviam sido por Deus designados, e uniram-se a
fim de resistirem à autoridade dos mesmos. Satanás estava a postos
[292]
para perverter-lhes o discernimento e levá-los de olhos vendados à
destruição.
Todo Israel fugira alarmado ao grito dos pecadores condena-
dos que desceram ao abismo, pois disseram: “Para que porventura
também nos não trague a terra a nós.” “Mas no dia seguinte toda a
congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra
Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor.” E estavam a ponto
de fazer violência aos fiéis e abnegados chefes.
Viu-se na nuvem por cima do tabernáculo uma manifestação da
glória divina, e uma voz da nuvem falou a Moisés e Arão: “Levantai-
vos do meio desta congregação, e a consumirei como num mo-
mento”.
Números 16:34, 41, 45
.
A culpa do pecado não recaía sobre Moisés, e portanto ele não
receou, e não se apressou em retirar-se e deixar a congregação para
que perecesse. Moisés demorou-se, manifestando neste terrível mo-
mento crítico o interesse do verdadeiro pastor pelo rebanho ao seu
cuidado. Advogou para que a ira de Deus não destruísse inteira-
mente o povo de Sua escolha. Pela sua intercessão deteve o braço da