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Patriarcas e Profetas
Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa?
E como detestarei, quando o Senhor não detesta?
Porque do cume das penhas o vejo, e dos outeiros o contemplo:
E eis que este povo habitará só, e entre as gentes não será con-
tado.
Quem contará o pó de Jacó, e o número da quarta parte de Israel?
A minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como
o seu”.
Números 23:7-10.
Balaão confessou que viera com o propósito de amaldiçoar Is-
rael; mas as palavras que proferiu foram diretamente contrárias aos
sentimentos de seu coração. Foi constrangido a pronunciar bênçãos,
enquanto sua alma estava cheia de maldições.
Olhando Balaão para o acampamento de Israel, viu com espanto
as provas de sua prosperidade. A ele haviam sido representados
como uma multidão rude, desorganizada, que infestava o país em
bandos errantes, os quais eram uma peste e terror às nações circun-
vizinhas; mas sua aparência era o inverso de tudo isto. Viu a grande
extensão e o perfeito arranjo de seu acampamento, apresentando
tudo os indícios de uma disciplina e ordem completas. Foi-lhe mos-
trado o favor com que Deus olhava a Israel, e o caráter distintivo de
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povo escolhido Seu. Não deveriam ficar no mesmo nível das outras
nações, mas ser exaltados acima delas todas. “Este povo habitará
só, e entre as gentes não será contado”.
Números 23:9
. Na ocasião
em que estas palavras foram faladas, os israelitas não tinham lo-
calização permanente, e seu caráter peculiar, usos e costumes, não
eram familiares a Balaão. Mas quão notavelmente foi cumprida esta
profecia na história posterior de Israel! Por todos os anos de seu ca-
tiveiro, através de todos os séculos desde que foram dispersos entre
as nações têm eles permanecido como um povo distinto. Assim o
povo de Deus — o verdadeiro Israel — embora disperso por todas
as nações, não são na Terra senão peregrinos, cuja cidadania está no
Céu.