Página 507 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Os primeiros juízes
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Gideão desejou algum sinal de que Aquele que agora Se lhe
dirigia era o Anjo do Concerto, que, nos tempos passados, havia
agido em prol de Israel. Anjos de Deus, que tiveram comunhão com
Abraão, demoraram-se certa vez em sua casa a fim de participar
de sua hospitalidade; e Gideão agora roga ao Mensageiro divino
que fique como o seu hóspede. Indo apressadamente à sua tenda,
preparou de seu escasso suprimento um cabrito e bolos asmos, que
trouxe e pôs diante dEle. Mas o Anjo ordenou-lhe: “Toma a carne e
os bolos asmos, e põe-os sobre esta penha e verte o caldo.” Assim
fez Gideão, e então foi dado o sinal que ele desejara: com o cajado
que tinha na mão o Anjo tocou a carne e os bolos asmos, e uma
chama que irrompeu da pedra consumiu o sacrifício. Então o Anjo
desapareceu de sua vista.
O pai de Gideão, Joás, que partilhava da apostasia de seus patrí-
cios, construíra em Ofra, onde morava, um grande altar a Baal, junto
ao qual o povo da cidade adorava. Foi ordenado a Gideão destruir
este altar, e erguer um altar a Jeová, sobre a rocha em que a oferta
fora consumida, e ali apresentar um sacrifício ao Senhor. A oferta
de sacrifício a Deus fora confiada aos sacerdotes, e se restringira
ao altar em Siló; mas Aquele que estabelecera o culto ritual e para
quem todas as ofertas daquele culto apontavam, tinha poder para
mudar as estipulações do mesmo. O livramento de Israel deveria ser
precedido por um protesto solene contra o culto de Baal. Gideão
devia declarar guerra contra a idolatria, antes de sair para batalhar
com os inimigos de seu povo.
A determinação divina foi fielmente posta em prática. Sabendo
Gideão que encontraria oposição se aquilo fosse tentado aberta-
mente, levou a efeito o trabalho em segredo; com auxílio de seus
servos, fez tudo em uma noite. Grande foi a raiva dos homens de
Ofra ao virem eles, na manhã seguinte, a prestar suas devoções a
Baal. Teriam tirado a vida de Gideão, caso não houvesse Joás (a
quem havia sido referida a visita do Anjo) tomado a defesa de seu
filho. “Contendereis vós por Baal?” disse Joás. “Livrá-lo-eis vós?
Qualquer que por ele contender ainda esta manhã será morto; se é
deus, por si mesmo contenda; pois derribaram o seu altar.” Se Baal
não podia defender seu próprio altar, como se poderia confiar que
ele protegesse seus adoradores?
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