O dilúvio
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sabedoria humana não poderia ter concebido uma estrutura de tão
grande resistência e durabilidade. Fora Deus que fizera a planta
da mesma, e Noé o construtor-chefe. Foi construída semelhante
ao casco de um navio, para que pudesse flutuar sobre a água; mas
nalguns sentidos muito mais se parecia com uma casa. Tinha uma
altura de três andares, com apenas uma porta, que ficava ao lado.
A luz entrava por cima, e os diversos compartimentos eram de tal
maneira arranjados que todos eram iluminados. O material empre-
gado na construção da arca era o cipreste, ou madeira de Gofer,
a qual estaria isenta de apodrecimento durante centenas de anos.
A edificação desta imensa arca foi uma operação lenta, trabalhosa.
Devido ao grande tamanho das árvores, e a natureza da madeira,
muito mais trabalho era então exigido do que hoje para preparar a
madeira, mesmo com a força maior que possuíam os homens. Tudo
o que o homem podia fazer, se fazia, para tornar perfeito o trabalho;
contudo, a arca não podia por si ter resistido à tempestade que deve-
ria sobrevir à Terra. Unicamente Deus podia preservar Seus servos
das águas tempestuosas.
“Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda se não
viam, temeu, e, para salvação de sua família, preparou a arca, pela
qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo
a fé”.
Hebreus 11:7
. Enquanto Noé estava a apregoar sua mensagem
de advertência ao mundo, suas obras testificavam de sua sinceridade.
Assim foi que sua fé se aperfeiçoou, e se evidenciou. Ele deu ao
mundo o exemplo de crer precisamente o que Deus diz. Tudo quanto
possuía, empregou na arca. Ao começar a construir aquele imenso
barco em terra seca, vinham de todos os lados multidões para verem
a estranha cena, e ouvir as palavras sinceras, fervorosas, do pregador
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original. Cada pancada desferida na arca era um testemunho para o
povo.
Muitos a princípio pareceram receber a advertência; não se vol-
taram, todavia, para Deus, com verdadeiro arrependimento. Não
estavam dispostos a renunciar seus pecados. Durante o tempo que
se passou antes da vinda do dilúvio, sua fé foi provada, e não conse-
guiram suportar a prova. Vencidos pela incredulidade prevalecente,
uniram-se afinal a seus companheiros anteriores, rejeitando a solene
mensagem. Alguns ficaram profundamente convencidos, e teriam
atendido às palavras de aviso; mas tantos havia para zombar e ri-