Página 78 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Disse Cristo: “Assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam,
bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé
entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou
a todos — assim será também a vinda do Filho do homem”.
Mateus
24:38, 39
. Deus não condenou os antediluvianos por comerem e
beberem; dera-lhes os frutos da terra em grande abundância para
suprirem suas necessidades físicas. Seu pecado consistia em tomar
esses dons sem gratidão para com o Doador, e aviltar-se condes-
cendendo com o apetite sem restrições. Era-lhes lícito casarem. O
matrimônio estava dentro da ordem determinada por Deus; foi uma
das primeiras instituições que Ele estabeleceu. Deu instruções es-
peciais concernentes a esta ordenança, revestindo-a de santidade e
beleza; estas instruções, porém, foram esquecidas, e o casamento foi
pervertido, e feito com que servisse às paixões.
Uma idêntica condição de coisas existe hoje. Aquilo que em
si mesmo é lícito, é levado ao excesso. O apetite é satisfeito sem
restrições. Professos seguidores de Cristo estão hoje comendo e
bebendo com os ímpios, enquanto seus nomes permanecem nos
honrados registros da igreja. A intemperança embota as faculdades
morais e espirituais, e prepara o caminho para a satisfação das más
paixões. Multidões não se sentem sob qualquer obrigação moral de
reprimirem seus desejos sensuais, e tornam-se escravos da luxúria.
Os homens estão vivendo para os prazeres dos sentidos, para este
mundo e para esta vida unicamente. A extravagância invade todas
as rodas da sociedade. A integridade é sacrificada pelo luxo e os-
tentação. Aqueles que se apressam em se fazerem ricos pervertem a
justiça e oprimem os pobres; e “corpos” e “almas de homens” ainda
são comprados e vendidos. Fraude, suborno e roubo ostentam-se,
sem que sejam repreendidos, nos meios altos e baixos. As edições
do prelo estão cheias de relatos de assassínios, crimes cometidos
com tanto sangue frio e sem motivos que parece como se todo o
instinto de humanidade estivesse extinguido. E estas atrocidades se
tornam uma ocorrência tão comum que dificilmente provocam um
comentário ou despertam surpresa. O espírito de anarquia está se
insinuando em todas as nações, e as explosões sociais que de tempos
em tempos provocam horror ao mundo não são senão indicações
dos fogos contidos das paixões e ilegalidade, os quais, havendo es-
capado à sujeição, encherão a Terra com miséria e ruína. O quadro