O chamado de Isaías
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rápida destruição do reino do norte, e que tinham sido recentemente
denunciados em termos inequívocos por Oséias e Amós, depressa
estavam corrompendo o reino de Judá.
A perspectiva era particularmente desencorajadora em referência
à condição social do povo. Em seu desejo de ganho, estavam os
homens adicionando casa a casa, herdade a herdade.
Oséias 5:8
. A
justiça fora pervertida; e nenhuma piedade era mostrada ao pobre.
A respeito desses males Deus declarou: “O espólio do pobre está
em vossas casas”. “Que tendes vós que afligir o Meu povo e moer
as faces do pobre?”
Isaías 3:14, 15
. Mesmo os juízes, cujo dever
era proteger o desajudado, faziam ouvidos moucos aos clamores do
pobre e necessitado, das viúvas e dos órfãos.
Isaías 10:1, 2
.
Com a opressão e a opulência vieram o orgulho e o amor à os-
tentação (
Isaías 2:11, 12
), embriaguez e o espírito de orgia.
Isaías
5:22, 11, 12
. E nos dias de Isaías a própria idolatria já não provocava
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surpresa.
Isaías 2:8, 9
. Práticas iníquas tinham-se tornado tão pre-
dominantes entre todas as classes, que os poucos que permaneciam
fiéis a Deus eram não raro tentados a perder o ânimo, dando lugar
ao desencorajamento e desespero. Era como se o propósito de Deus
para Israel estivesse para falhar, e a nação rebelde devesse sofrer
sorte semelhante à de Sodoma e Gomorra.
Em face de tais condições, não é surpreendente que Isaías recu-
asse da responsabilidade, quando chamado a levar a Judá as men-
sagens de advertência e reprovação da parte de Deus, durante o
último ano do reinado de Uzias. Ele bem sabia que haveria de encon-
trar obstinada resistência. Considerando sua própria incapacidade
para enfrentar a situação, e tomando em conta a obstinação e in-
credulidade do povo para quem ia trabalhar, sua tarefa pareceu-lhe
inexeqüível. Devia ele em desespero renunciar a sua missão, dei-
xando Judá entregue a sua idolatria? Deviam os deuses de Nínive
reger a terra em desafio ao Deus do Céu?
Tais eram os pensamentos que fervilhavam na mente de Isaías
ao estar sob o pórtico do templo. Subitamente, pareceu-lhe que o
portal e o véu interior do templo eram levantados ou afastados, e foi-
lhe permitido olhar para dentro, sobre o santo dos santos, onde nem
mesmo os pés do profeta podiam entrar. Ali surgiu ante ele a visão de
Jeová assentado em Seu trono alto e sublime, enquanto o séquito de
Sua glória enchia o templo. De cada lado do trono pairavam serafins,