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Profetas e Reis
É chegada a tarde. Os profetas de Baal estão fatigados, abatidos,
confusos. Um sugere uma coisa, outro outra coisa, até que finalmente
cessam seus esforços. Suas maldições e gritos estridentes não mais
ressoam sobre o Carmelo. Em desespero retiram-se da luta.
Durante todo o longo dia, o povo havia testemunhado as de-
monstrações dos frustrados sacerdotes. Haviam contemplado seus
saltos selvagens sobre o altar, como se desejassem captar os raios
do Sol para que servissem a seus propósitos. Eles haviam olhado
com horror para as bárbaras mutilações infligidas a si mesmos pelos
sacerdotes, e tinham tido a oportunidade de refletir sobre a loucura
da adoração de ídolos. Muitos dentre a multidão estão fartos das
exibições de demonismo, e aguardam agora com o mais profundo
interesse os movimentos de Elias.
É a hora do sacrifício da tarde, e Elias convida o povo: “Chegai-
vos a mim”. Aproximando-se eles a tremer, ele se volta para o altar
derribado onde uma vez os homens haviam adorado ao Deus do Céu,
e repara-o. Para ele esse montão de ruínas é mais precioso que todos
os magnificentes altares do paganismo.
Na reconstrução deste antigo altar, Elias revelava seu respeito
pelo concerto que o Senhor havia feito com Israel quando este
transpôs o Jordão para a terra prometida. Escolhendo “doze pedras,
conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, [...] edificou o altar
em nome do Senhor”.
1 Reis 18:30-32
.
Os desapontados sacerdotes de Baal, exaustos pelos inúteis es-
forços, esperam para ver o que Elias fará. Eles odeiam o profeta por
haver proposto uma prova que expusera as fraquezas e ineficiência
de seus deuses; contudo temem o seu poder. O povo, igualmente
temeroso, e com a respiração quase suspensa ante a expectativa,
observa enquanto Elias continua seus preparativos. O porte calmo
do profeta ergue-se em agudo contraste com o frenesi fanático e
insensato dos seguidores de Baal.
Reconstruído o altar, o profeta, abre um rego em torno dele,
e havendo posto a lenha em ordem e preparado o bezerro, coloca
a vítima sobre o altar, e ordena ao povo que inunde com água o
sacrifício e o altar. “Enchei de água quatro cântaros”, ordenou, “e
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derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o
segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira