A crucifixão de Cristo
            
            
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              Alguns escarnecedoramente repetiam entre si: “Salvou os outros,
            
            
              a Si mesmo não pode salvar-Se.”
            
            
              Marcos 15:31
            
            
              . Os dignitários do
            
            
              templo, os empedernidos soldados, o vil ladrão sobre a cruz e os
            
            
              vis e cruéis dentre a multidão — todos se uniram em suas injúrias a
            
            
              Cristo.
            
            
              Os ladrões que foram crucificados com Jesus sofriam a mesma
            
            
              tortura física que Ele: mas um deles pelo sofrimento tornou-se
            
            
              mais endurecido e desesperado. Ecoou a zombaria dos sacerdotes,
            
            
              e lançou-a sobre Jesus, dizendo: “Não és Tu o Cristo? Salva-Te
            
            
              a Ti mesmo e a nós.”
            
            
              Lucas 23:39
            
            
              . O outro malfeitor não era um
            
            
              [223]
            
            
              criminoso endurecido. Quando ouviu as palavras de zombaria de
            
            
              seu companheiro de crime, “repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos
            
            
              temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com jus-
            
            
              tiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas
            
            
              Este nenhum mal fez”.
            
            
              Lucas 23:40, 41
            
            
              . Então, quando seu coração
            
            
              se volta para Cristo, celestial iluminação inundou-lhe a mente. Em
            
            
              Jesus, ferido, zombado, e pendente da cruz, ele viu seu Redentor, sua
            
            
              única esperança, e a Ele apelou em humilde fé: “Jesus, lembra-Te de
            
            
              mim quando entrares no Teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade
            
            
              te digo que hoj
            
            
            
            
              estarás comigo no paraíso.”
            
            
              Lucas 23:42, 43
            
            
              .
            
            
              Com espanto contemplavam os anjos o infinito amor de Jesus,
            
            
              que, sofrendo a mais intensa agonia física e mental, pensava apenas
            
            
              nos outros e animava a arrependida alma a crer. Enquanto derramava
            
            
              Sua vida na morte, Ele exerceu pelo homem um amor mais forte do
            
            
              que a morte. Muitos dos que testemunharam estas cenas no Calvário,
            
            
              foram por elas posteriormente firmados na fé em Cristo.
            
            
              Os inimigos de Jesus agora aguardavam sua morte com impa-
            
            
              ciente esperança. Esse acontecimento, imaginavam, apagaria para
            
            
              sempre os rumores de Seu divino poder e as maravilhas de Seus mila-
            
            
              gres. Lisonjeavam-se de que não mais teriam de tremer por causa de
            
            
              Sua influência. Os insensíveis soldados que haviam pregado o corpo
            
            
              de Jesus na cruz, dividiram entre si Suas vestes, contendendo sobre
            
            
              uma peça, que era uma túnica sem costura. Finalmente decidiram o
            
            
              assunto lançando sortes. A pena da inspiração descreveu esta cena
            
            
              [224]
            
            
              com pormenores centenas de anos antes da mesma ter lugar: “Cães
            
            
              *
            
            
              No original a expressão correta é “Em verdade te digo hoje, que estarás comigo no
            
            
              paraíso”.