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Comer para viver
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Crianças que seguiram um apetite não educado
Enquanto viajava, ouvi pais dizerem que o apetite de seus filhos
era delicado e, a menos que tivessem carne e bolo, não comiam. Ao
ser tomada a refeição do meio-dia, observei a qualidade de alimento
dada a esses filhos. Era pão branco de trigo, fatias de presunto co-
bertas de pimenta-do-reino, picles condimentados, bolo e conservas.
As faces pálidas e doentias daquelas crianças bem indicavam os
insultos que o estômago sofria. Duas dessas crianças observaram
as crianças de outra família a comerem queijo juntamente com sua
comida, e perderam o apetite para o que tinham ante si, até que
a condescendente mãe pediu encarecidamente um pedaço daquele
queijo para lhos dar, temendo que os queridos filhos deixassem de
tomar a refeição. Observou a mãe: Meus filhos gostam tanto disto ou
daquilo, e eu lhes dou o que querem, pois o paladar pede as espécies
de alimento que o organismo requer!
Isso poderia ser correto se o paladar não tivesse nunca sido per-
vertido. Há apetite natural e apetite depravado. Os pais que toda a
vida ensinaram os filhos a tomarem alimento insalubre e estimulante,
até que o apetite se perverteu, e eles então desejam comer barro,
giz, café queimado, borra de chá, canela, cravo e condimentos, não
poderão alegar que o apetite pede aquilo que o organismo requer.
O apetite foi educado falsamente, até que ficou depravado. Os fi-
nos tecidos do estômago foram estimulados e inflamados, até terem
perdido sua delicada sensibilidade. O alimento simples e saudá-
vel parece-lhes insípido. O estômago, abusado, não efetua a obra
que lhe é dada, a menos que a isso seja forçado pelos alimentos
mais estimulantes. Se esses filhos tivessem sido educados, desde
a infância, a só tomarem alimento saudável, preparado da maneira
mais simples, conservando o mais possível suas propriedades na-
turais, e evitassem os alimentos cárneos, gordura e toda espécie de
condimentos, seu paladar e apetite não sofreriam prejuízo. Em seu
estado natural, poderia indicar, em grande proporção, o alimento
melhor adaptado às necessidades do organismo. —
Conselhos Sobre
o Regime Alimentar, 239
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